BRASÍLIA (Reuters) - O déficit em transações correntes do Brasil caiu 33,5 por cento em julho em relação ao mesmo mês de 2014, novamente ajudado pela balança comercial no azul diante da disparada do dólar, mas apenas parcialmente coberto pelos investimentos estrangeiros no país.
Segundo dados divulgados nesta terça-feira pelo Banco Central, o rombo nas contas externas foi de 6,163 bilhões de dólares no mês, contra expectativa em pesquisa Reuters de saldo negativo de 6,7 bilhões de dólares. Já a previsão do BC era de déficit de 7 bilhões de dólares.
Em junho, o rombo havia sido de 2,547 bilhões de dólares, ainda segundo o BC.
Apesar da queda anual, o resultado da conta corrente em julho voltou a não ser integralmente coberto pelos Investimentos Diretos no País (IDP), algo que, no ano, foi possível somente em maio e junho.
O IDP --substituto da antiga linha de Investimentos Estrangeiros Diretos (IED)-- somou 5,994 bilhões de dólares no mês, em linha com expectativa de 6 bilhões de dólares em pesquisa Reuters.
Nos 12 meses encerrados em julho, o déficit em transações correntes alcançou 4,34 por cento do Produto Interno Bruto (PIB), melhorando ante o patamar revisado pelo BC de 4,40 por cento atingido em junho.
No acumulado dos sete primeiros meses de 2015, o rombo na conta corrente do país teve declínio de quase 25 por cento sobre igual etapa do ano passado, a 44,094 bilhões de dólares. Para o ano, o BC prevê resultado negativo em 81 bilhões de dólares, bem abaixo do déficit revisado de 103,597 bilhões de dólares no consolidado de 2014.
DESEMPENHO NO MÊS
Repetindo a dinâmica dos últimos meses, o saldo das conta corrente sofreu a forte influência positiva da balança comercial, com superávit de 2,146 bilhões de dólares em julho, alta de quase 60 por cento sobre um ano antes.
O movimento vem sendo guiado pela retração nas importações em ritmo mais intenso que o visto nas exportações, em meio à fraca atividade econômica e encarecimento do dólar.
Só em julho, a moeda norte-americana acumulou alta de 10 por cento sobre o real e, no ano, pouco mais de 30 por cento até a véspera. Além do cenário internacional difícil com preocupações sobretudo com a China, os investidores também estão pressionados pela instabilidade política no Brasil, aumentando a aversão ao risco.
Também reagindo ao combalido cenário econômico, as remessas de lucros e dividendos caíram 46,6 por cento em julho sobre igual mês de 2014, a 623 milhões de dólares, ajudando o déficit em transações correntes no mês.
O saldo negativo na conta de serviços, que engloba gastos líquidos em itens como viagens, transporte e aluguel de equipamentos, também ficou menor no período: déficit de 3,336 bilhões de dólares, contra rombo de 4,400 bilhões de dólares.
No mês, as despesas líquidas em viagens internacionais tiveram redução de 25,5 por cento, a 1,209 bilhão de dólares.
(Por Marcela Ayres)