RIO DE JANEIRO (Reuters) - O total de pessoas em desalento, que desistiram de procurar emprego no Brasil, bateu recorde no último trimestre de 2017, indicando que o mercado de trabalho tem reagido de forma muito tímida à recuperação da atividade econômica após dois anos de recessão.
Segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 4,352 milhões de pessoas deixaram de ir atrás de emprego no final do ano passado, ou 3,9 por cento da força de trabalho em desalento, praticamente o dobro da fatia vista em 2012, início da pesquisa do IBGE, de 1,9 por cento.
"A causa disso pode ser o ambiente econômico, que coloca muita gente na rua desempregada e desestimula a procura por emprego", afirmou a jornalistas o coordenador do IBGE, Cimar Azeredo.
No último trimestre de 2017, os maiores contingentes de desalentados foram observados nos Estados da Bahia (663 mil ) e Maranhão (410 mil). A região Nordeste concentrava entre outubro e dezembro do ano passado 2,6 milhões do total de desalentados do país, o equivalente a 59,7 por cento do total.
"Você tem concentração grande de desempregados no Nordeste. A falta de oportunidade é maior lá", afirmou Azeredo, acrescentando que, na região, há também os maiores índices de pobreza e analfabetismo.
Segundo o IBGE, o perfil dos desalentados no Brasil incluem pretos e pardos, jovens e pessoas no ensino fundamental e em locais menos favorecidos ou menos desenvolvidos do país.
No último trimestre de 2017, a taxa de desemprego calculada pela PNAD estava em desaceleração e atingiu 11,8 por cento, com 12,3 milhões de pessoas desempregadas, mas com a melhora sustentada pela informalidade.
(Por Rodrigo Viga Gaier)