Por Rodrigo Viga Gaier e Camila Moreira
RIO DE JANEIRO/SÃO PAULO (Reuters) - A taxa de desemprego do Brasil atingiu o nível mais alto em quase cinco anos e meio em agosto ao subir para 7,6 por cento, em meio ao cenário recorrente de aumento da população desocupada como consequência do quadro de recessão no país com inflação elevada e crise política.
O resultado da Pesquisa Mensal de Emprego (PME) do mês passado, após alcançar 7,5 por cento em julho, é o mais alto desde março de 2010 (7,6 por cento), e é o pior resultado para agosto desde 2009 (8,1 por cento).
Além disso, mostrou forte deterioração em relação ao mesmo mês de 2014, quando a taxa ficou em 5,0 por cento.
"O momento do mercado de trabalho é desfavorável. O mercado não gera vagas no mercado de trabalho e a fila da desocupação está aumentando. Há uma perda de qualidade", disse o coordenador da pesquisa no IBGE, Cimar Azeredo
A taxa, que subiu pelo oitavo mês seguido, ficou 0,1 ponto percentual abaixo da mediana das expectativas em pesquisa da Reuters.
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informou que a população desocupada aumentou 0,7 por cento em agosto na base mensal e impressionantes 52,1 por cento sobre um ano antes, chegando a 1,857 milhão de pessoas à procura de uma posição nas seis regiões metropolitanas analisadas.
A população ocupada, por sua vez, teve recuo de 0,1 por cento ante julho e 1,8 por cento na comparação com o mesmo mês do ano passado, a 22,724 milhões de pessoas.
"Além dos demitidos tem gente entrando no mercado para complementar a renda familiar", destacou Azeredo.
Por outro lado a renda média da população registrou ganho de 0,5 por cento em agosto, para 2.185,50 reais mensais. Mas na comparação com o ano anterior, foi registrada queda de 3,5 por cento.
O mercado de trabalho vem em contínua deterioração desde o final de 2014, somando-se à inflação e juros elevados e à economia em recessão para compor o quadro de crise econômica e política do país no momento.
A pesquisa Focus do Banco Central mostra que a expectativa de economistas é de que o Produto Interno Bruto (PIB) retraia 2,70 por cento este ano e recue 0,80 por cento em 2016.
No segundo trimestre, a taxa de desemprego do país atingiu 8,3 por cento, maior patamar da série histórica da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua iniciada em 2012.
Somente em julho, o Brasil fechou 157.905 vagas formais de trabalho, pior resultado para esse mês da série histórica do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) iniciada em 1992.