Por Rodrigo Viga Gaier e Camila Moreira
RIO DE JANEIRO/SÃO PAULO (Reuters) - O desemprego subiu a 5,3 por cento janeiro, deixando para trás a mínima histórica ao atingir o maior nível em mais de um ano devido a demissões e maior procura por vagas, aumentando a pressão sobre o governo da presidente Dilma Rousseff no início de num ano difícil para a economia.
O resultado de janeiro da taxa apontada pela Pesquisa Mensal de Emprego (PME), divulgada nesta quinta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), ficou 1 ponto percentual acima da de dezembro, quando o desemprego igualou o menor nível histórico.
Esse é o maior nível desde setembro de 2013, quando o desemprego atingiu 5,4 por cento. Também ficou acima da expectativa em pesquisa da Reuters de 5,0 por cento na mediana de 25 projeções.
"O que sobressaiu em janeiro foi o aumento da procura por trabalho. São pessoas que estavam ocupadas que foram demitidas e pessoas que não estavam procurando e passam a buscar uma oportunidade", avaliou a coordenadora da pesquisa no IBGE, Adriana Berenguy.
Esse aumento da procura por trabalho e das demissões acontece no momento em que a economia passa por um período de fragilidade, com inflação alta, juros elevados e perspectiva de contração da atividade neste ano.
No ano passado, o Brasil criou menos de 400 mil postos de trabalho com carteira assinada, pior desempenho em 12 anos e com fortes demissões na indústria e na construção civil.
O aumento da procura por vagas fica claro na disparada em janeiro de 22,5 por cento da população desocupada, que são as pessoas sem trabalhar mas à procura de uma oportunidade, na comparação mensal, maior alta para o mês desde o início da série em 2003. Esse grupo ainda avançou 10,7 por cento na base anual, atingindo 1,288 milhão de pessoas.
Ao mesmo tempo, a população ocupada diminuiu 0,9 por cento sobre dezembro e recuou 0,5 por cento ante o mesmo período do ano anterior, chegando a 23,004 milhões de pessoas, sinalizando fechamento de vagas.
INDÚSTRIA
O setor industrial teve queda de 1,3 por cento no número de vagas na comparação com dezembro, o que significa 45 mil postos de trabalho a menos. Em relação a janeiro de 2014 a queda foi de 6 por cento (-216 mil postos).
Já o emprego com carteira assinada no setor privado caiu 2,1 por cento no mês passado ante dezembro e teve queda de 1,9 por cento sobre o ano anterior.
Por outro lado, o IBGE também informou que, em janeiro, a renda média real subiu 0,4 por cento sobre dezembro e avançou 1,7 por cento sobre um ano antes, a 2.168,80 reais.
"Finalmente, a taxa de desemprego começa a mostrar os efeitos perniciosos da desaceleração econômica vivida em 2014, que se aprofunda em 2015", avaliou a consultoria Rosenberg & Associados em nota.
"Dada a rigidez das leis trabalhistas e o intenso processo de formalização vivido nos últimos anos... é natural que a resposta à desaceleração da atividade econômica seja mais lenta. Mas, ela já começou a ocorrer de maneira mais intensa, capitaneada pela indústria", acrescenta a consultoria.
De acordo com os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua, cuja previsão é de que substitua a PME, a taxa de desemprego caiu a 6,5 por cento no quarto trimestre de 2014, mas com perdas pela segunda vez seguida no emprego com carteira assinada no setor privado.
Em busca de melhorar o quadro econômico e recuperar a confiança de investidores e consumidores, a nova equipe econômica vem anunciando medidas fiscais para buscar reorganizar as contas públicas.