BRASÍLIA (Reuters) - A presidente Dilma Rousseff afirmou neste sábado que a inflação começou a diminuir, o que abre espaço para a redução da taxa de juros.
"A inflação felizmente já começou a diminuir. Os consumidores já perceberam isso em seu dia a dia, na conta de luz e no preço dos alimentos. Esta é uma boa notícia porque interrompe a perda de poder de compra das famílias e abre espaço para a redução da taxa de juros", afirmou Dilma em artigo publicado no jornal Folha de S. Paulo.
Em março, a inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) subiu 0,43 por cento, o nível mais baixo desde agosto do ano passado.
Em 12 meses até março, a alta do índice ficou em 9,39 por cento, pela primeira vez abaixo dos dois dígitos desde outubro de 2015.
Ainda assim, a inflação acumulada em 12 meses permanece bem acima do teto da meta estabelecida pelo governo para 2016, de 4,5 por cento com tolerância de 2 pontos percentuais para mais ou menos.
O Banco Central vem reiterando que não trabalha com a possibilidade de cortar a taxa básica Selic, atualmente em 14,25 por cento, mas alguns economistas já veem a redução do juro adiante.
A queda da inflação, porém, é resultado principalmente do ambiente atual de forte recessão vivida pelo país, que caminha para registrar no biênio 2015-2016 a maior contração da economia em mais de um século.
Além da delicada situação econômica, o Brasil enfrenta grave crise política, com a presidente sendo alvo de pedido de abertura de processo de impeachment na Câmara dos Deputados.
O plenário da Câmara votará no domingo se aceita ou não o pedido de impeachment.
"Sabemos que estabilizar a economia e o nível de emprego é tarefa urgente e fundamental, que enfrentaremos com ainda mais vigor, assim que superarmos a crise política", disse Dilma no texto que assina no jornal.
A presidente destacou que o Brasil está "vendendo mais produtos para o resto do mundo e, com isso, o superávit em nossa balança comercial é crescente". Ela também fez menção às elevadas reservas internacionais e ao investimento estrangeiro direto que "continua vindo para o Brasil".
"Muitas de nossas dificuldades hoje são obra do golpismo e da aposta política no ´quanto pior melhor´, que instabiliza o país desde a eleição", escreveu a presidente.