SÃO PAULO (Reuters) - As taxas dos contratos de juros futuros recuavam nesta quinta-feira, mostrando chances menores de a taxa básica de juros subir no curto prazo após o Banco Central desistir de trazer a inflação para o centro da meta no ano que vem, adiando o objetivo para 2017.
Os DIs mais longos tinham quedas menores, uma vez que o BC afirmou ainda que a política monetária continuará vigilante, indicando que a Selic pode subir se o cenário se deteriorar.
"O comunicado deixou no ar que os juros não sobem por muito, muito tempo", disse o operador da corretora Renascença Thiago Castellan Castro.
No comunicado no qual anunciou a manutenção da Selic nos atuais 14,25 por cento, o BC afirmou que é necessário manter os juros nos atuais patamares para garantir a convergência da inflação para o centro da meta de 4,5 por cento "no horizonte relevante da política monetária". Até então, reforçava que mirava levar a inflação para a meta no final de 2016.
A meta de inflação para 2016 e de 4,5 por cento pelo IPCA, com margem de dois pontos percentuais para mais ou menos.
No entanto, os DIs ainda mostravam chances majoritárias de elevação da taxa básica de juros na reunião de novembro do Comitê de Política Monetária (Copom), iniciando um novo ciclo de aperto monetário.
Segundo operadores, no entanto, essa precificação não condiz com as expectativas do mercado, que não acredita que a alta deve vir tão cedo, mas era reflexo dos elevados prêmios de risco diante do cenário de incertezas políticas e as perspectivas cada vez piores para as contas públicas.
"Já tivemos uma deterioração grande desde a reunião de julho (do Copom), que merecia pelo menos um comunicado menos neutro", disse o sócio-gestor da Absolute Investimentos Renato Botto, ressaltando que a tendência é que as expectativas de inflação piorem ainda mais. "Em algum momento, o BC vai precisar agir".
Desde a reunião de julho do Copom, a mediana das estimativas de economistas consultados na pesquisa Focus do BC para a alta do IPCA no ano que vem subiu de 5,40 para 6,12 por cento, enquanto as projeções para 2017 cresceram de 4,70 para 5,00 por cento.
(Por Bruno Federowski; Edição de Patrícia Duarte)