Por Isabel Versiani
BRASÍLIA (Reuters) - A dívida bruta do país deu novo salto em janeiro e fechou em 6,670 trilhões de reais, ou 89,7% do Produto Interno Bruto (PIB), patamar recorde, mostraram dados do Banco Central nesta sexta-feira.
A alta da dívida, que chegou ao final de 2020 em 89,2% do PIB, se deu a despeito de o setor público ter registrado em janeiro superávit primário recorde para o mês, de 58,375 bilhões de reais, saldo que superou a expectativa de analistas e também as despesas com juros no mês.
Para o chefe do Departamento de Estatísticas do BC, Fernando Rocha, o resultado favorável das contas públicas em janeiro reflete um efeito sazonal e não altera a tendência ainda preocupante do quadro fiscal, evidenciada pela alta constante da dívida.
"Embora o resultado de janeiro seja bastante positivo, a situação fiscal ainda é bastante delicada e segue precisando de mais atenção", afirmou Rocha a jornalistas.
A expectativa de analistas era de um superávit primário de 50 bilhões de reais em janeiro, segundo pesquisa da Reuters.
Em janeiro, os gestores públicos tradicionalmente têm mais dificuldade em liberar despesas. Neste ano, a União está ainda mais amarrada porque o Orçamento de 2021 não foi aprovado pelo Congresso, o que restringe os gastos que podem ser aprovados mensalmente.
Considerando também as despesas com juros, o setor público teve superávit nominal de 17,928 bilhões de reais em janeiro.
No acumulado em 12 meses, contudo, o país acumula déficit primário de 9,4% do PIB e um rombo nominal de 13,7% do PIB, refletindo as despesas com medidas de enfrentamento à pandemia em 2020, que agravaram um quadro fiscal já deficitário.
A dívida líquida, que computa também os ativos do setor público, recuou no mês passado para 61,6% do PIB, de 63% do PIB em dezembro, respondendo a um aumento do valor em reais das reservas internacionais do país diante da desvalorização de mais de 5% do real frente ao dólar em janeiro.