Por Marcela Ayres
BRASÍLIA (Reuters) -A dívida pública federal cresceu 1,24% em julho sobre o mês anterior, para 5,396 trilhões de reais, divulgou o Tesouro Nacional nesta quarta-feira, em meio à pressão na parte longa da curva de juros que se acentuou neste mês diante dos temores do mercado com a gestão das contas públicas.
Em julho, a dívida pública interna teve alta de 1,02% sobre junho, a 5,155 trilhões de reais.
Em comentário sobre o resultado, o Tesouro afirmou que as emissões ficaram abaixo da média dos últimos 12 meses, mas mantendo o caixa em posição confortável para as despesas futuras.
A reserva de liquidez da dívida pública é agora de 1,160 trilhão de reais, ligeiramente abaixo da marca de 1,167 trilhão de junho, sendo que os vencimentos esperados para os próximos 12 meses são de 1,198 trilhão de reais na dívida pública mobiliária federal interna.
No total, foram 142,4 bilhões de reais emitidos em julho, com resgates de 118,1 bilhões de reais. Como resultado, ocorreu a primeira emissão líquida para julho desde 2009, no valor de 24,4 bilhões de reais, destacou o Tesouro.
Enquanto isso, o estoque da dívida pública externa avançou 6,26%, a 240,87 bilhões de reais.
Em relação à composição, houve aumento da representatividade dos títulos com taxa flutuante (35,67% sobre 35,07% em junho) e atrelados a índice de preços (27,59% ante 27,13%). Por sua vez, os papéis prefixados viram sua participação cair a 32,05% da dívida, de 33,33% em junho.
De acordo com o Tesouro, o custo médio das emissões da dívida interna subiu a 6,09% ao ano em julho, sobre 5,77% em junho. O custo médio do estoque acumulado em 12 meses também cresceu, passando a 7,64%, ante 7,18% no mês anterior.
O Tesouro afirmou que, na cena doméstica, os juros em julho reagiram aos dados de inflação e a ajustes na expectativa de mercado quanto às decisões de política monetária. Num reflexo dos temores com o descontrole das contas públicas, a parte longa da curva subiu 60 pontos-base.
Em agosto, prosseguiu o Tesouro, a curva de juros subiu até 105 pontos-base nos prazos mais longos, também por causa das preocupações fiscais.
"Diante de um contexto de maior volatilidade nos mercados, o Tesouro Nacional reduziu o volume de emissões nos leilões tradicionais, bem como antecipou o horário da divulgação de algumas portarias de leilão, com os lotes de títulos ofertados", disse.
"A estratégia do Tesouro visou conter o excesso de volatilidade nos mercados. Cabe ressaltar que o nível atual do colchão de liquidez dá flexibilidade para o Tesouro ajustar o ritmo de emissão de acordo com as condições de mercado", acrescentou.
(Por Marcela Ayres; Edição de José de Castro)