BRUXELAS (Reuters) - O presidente do Banco Central Europeu (BCE), Mario Draghi, demonstrou nesta segunda-feira um otimismo cauteloso de que a Grécia será capaz de se beneficiar da impressão de dinheiro pelo BCE e conseguirá acesso normal aos fundos do banco central, mas pediu a Atenas que honre suas dívidas.
Draghi deu as declarações no Parlamento Europeu no momento em que a chanceler alemã, Angela Merkel, se reunia com o primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras. Atenas busca destravar o dinheiro que o país precisa para evitar a sua saída da zona do euro.
A maior parte das necessidades de financiamento da Grécia e de seus bancos estão, no momento, sendo atendidas pelo BCE. Nesta segunda-feira, Draghi sinalizou que há escopo para normalizar a maneira como esse financiamento está sendo feito.
"Haverá um momento .... que nós teremos condições de ter o quantitative easing (programa de compra de títulos pelo BCE) com a Grécia", disse.
"Várias condições precisam ser atendidas e elas ainda não existem. Mas estamos confiantes de que existirão se esse processo de diálogo político for reconstruído", disse ele.
O BCE não aceita mais títulos gregos como garantia em troca de financiamento para os bancos gregos, o que os torna dependentes de financiamento emergência de curto prazo. A Grécia também não pode se beneficiar agora do programa de impressão de dinheiro do BCE para comprar títulos, porque o BCE já comprou títulos gregos demais.
O tom conciliatório de Draghi foi moderado, entretanto, por um duro alerta a Atenas.
"A Grécia e seus parceiros internacionais deveriam focar agora em criar as condições para uma conclusão bem sucedida da revisão", disse ele, referindo-se ao programa de reforma em troca de ajuda.
"O governo da Grécia deveria se comprometer em honrar totalmente suas obrigações da dívida com todos os seus credores".
Draghi afirmou que o BCE tem uma exposição à Grécia de 104 bilhões de euros.
(Reportagem de John O'Donnell e Paul Carrel)