Por Rollo Ross
ROSAMOND, Califórnia (Reuters) - Hollywood não tem um bom histórico para as dublês, especialmente quando o assunto é dirigir.
Isso levou um grupo de mulheres a formar a Association of Women Drivers (Associação de Mulheres Motoristas), primeiro grupo de dublês para profissionais femininas.
Olivia Summers, fundadora da organização, é dublê há 20 anos, com créditos em filmes como "Missão Madrinha de Casamento" e "The Flight Attendant". Mas ela ficou decepcionada com pilotos homens sendo escalados como dublês de atrizes mulheres e lembra de uma reunião desastrosa com um produtor comercial.
"O produtor disse: 'Oh, eu não sabia que existiam motoristas mulheres. Nós apenas colocamos uma peruca em um cara' e eu fiquei super frustrada porque, tipo, como uma pessoa não sabe disso?", disse Summers à Reuters, enquanto treinava em uma pista com outras dublês nos arredores de Los Angeles.
Mas não são apenas as mulheres que têm esse problema. Também há uma prática conhecida como "paintdowns", na qual eles pintam o dublê de preto ou marrom para um ator que não é branco, disse.
"Minha sócia, Dee Bryant, que é uma fenomenal dublê de direção da comunidade afro-americana, está lidando com caras ainda fazendo 'paintdowns'", contou Summers.
Homens representam três quartos dos dublês, e mulheres, apenas um quarto, segundo o Sindicato dos Atores (SAG-AFTRA).
Embora as regras do sindicato ditem que as produções precisam encontrar dublês mulheres para papéis femininos e vice-versa, coordenadores de dublês podem contorná-las afirmando que esgotaram todas as possibilidades de encontrar dublês mulheres.
Segundo as orientações do SAG-AFTRA, coordenadores de dublês precisam consultar o sindicato caso não consigam encontrar uma dublê correspondente, mas isso raramente ocorre, segundo Summers.
"Precisa mudar", afirmou Naoki Kobayashi, dono do Drift 101, pista de treinos para dublês.
"Eu acho que precisamos meio que respeitar e meio que ver todo mundo igualmente e deveria ser baseado em talento, não porque mostraram experiência ao longo dos anos. Precisamos nos abrir", acrescentou.
Os treinamentos para as manobras também são caros, disse Summers, porque os trabalhadores precisam ficar em forma e manter suas habilidades de direção atualizadas.
"Eu acho que gastei 18.000 dólares no meu primeiro ano de pilotagem, eu considero isso como se estivesse fazendo faculdade", disse.
"É uma coisa cara porque nossos pneus estouram, temos problemas de motor que eu preciso consertar, mas é como um atleta. É só isso que somos, atletas."
A desigualdade também pode afetar o pagamento, disse a dublê Ashlei Tave.
"Nós recebemos o que é chamado de ajuste, que é baseado na dificuldade da manobra, sua habilidade, quantas vezes você tem que realizá-la", disse Tave à Reuters.
"Eu vi homens receberem muito mais ou ajustes maiores que as mulheres por fazerem exatamente a mesma coisa. Mas, fora isso, nossos contratos são todos os mesmos. É apenas no ajuste que isso acontece."
(Reportagem de Rollo Ross e Sandra Stojanovic)