🍎 🍕 Menos maçãs, mais pizza 🤔 Já viu recentemente a carteira de Warren Buffett?Veja mais

'É mais factível trazer a inflação para a meta em 2024', diz Aldo Mendes

Publicado 05.05.2022, 05:02
Atualizado 05.05.2022, 09:10
© Reuters.  'É mais factível trazer a inflação para a meta em 2024', diz Aldo Mend

O economista Aldo Mendes, ex-diretor do Banco Central (BC), vê um cenário complicado para a inflação brasileira neste ano, que, na sua avaliação, poderá beirar 10%. Fatores externos incontroláveis, a reativação de mecanismos de indexação e as expectativas domésticas deterioradas por conta do quadro eleitoral e da própria atividade são fatores que devem continuar pressionando os preços. Mesmo com o forte aperto na taxa básica de juros, a Selic, que deve chegar a 14% ao final do ciclo de alta, Mendes acredita que será factível trazer a inflação para a meta (3%) apenas em 2024. A seguir os principais trechos da entrevista.

Como o senhor vê a inflação brasileira hoje?

Não se trata de um processo simples, mas intrincado. Tem um componente importado, por conta da guerra (entre Rússia e Ucrânia) e da desarticulação da oferta em virtude da pandemia. Há um componente inercial de indexação ou da memória inflacionária, muito característico do Brasil. E um componente de expectativas internas por um conjunto de fatores, seja de política ou de expectativa econômica, que faz com que alguns agentes comecem a fazer remarcações preventivas (de preço).

Por quê?

Hoje temos um único instrumento que está sendo utilizado para lidar com esse quadro, que é o aumento de juros, que é a política monetária executada pelo Banco Central. Ele está sozinho nessa cruzada. O governo está muito envolvido na campanha eleitoral, e o Orçamento está sendo usado. O pior é que há uma falsa ilusão monetária pelo lado da receita do governo, onde a inflação está fazendo com que se arrecade mais.

Como assim?

Os preços aumentam, e muitos impostos são baseados em preços das mercadorias. Isso, no curto prazo, aumenta a arrecadação. Essa ilusão monetária pelo lado da receita virou quase uma licença para gastar, e está se gastando com uma cabeça eleitoreira.

Qual é a sua expectativa de inflação para este ano?

Acima de 8%, perigando chegar a 10%. Corremos esse risco porque temos um componente estrangeiro (na inflação) que não controlamos, um componente fiscal que está solto e flutuando em torno da uma questão eleitoral. Também tem o componente da realimentação dos preços.

Até onde o BC deve subir os juros para conter a inflação?

Olhando os núcleos, (da inflação) vemos que a alta de preços é razoavelmente generalizada. Corremos o risco de terminar esse ciclo de alta de juros com a Selic perto de 14%.

Quando a inflação voltará para a meta?

Esse é o segundo grande desafio do BC: tentar trazer as expectativas de volta para a meta. Em 2022, a gente está fora e, em 2023, estamos correndo um sério risco.

É factível voltar para a meta em 2023?

Acho mais factível trazer a inflação para a meta em 2024, mas é preciso começar esse trabalho em 2023. O trabalho tem de ser muito forte no sentido de recoordenar as expectativas. Isso vai depender muito do tom do novo governo que teremos a partir do ano que vem. Seja lá quem for eleito, ele tem de dar, logo no começo, uma mensagem muito clara que pretende readequar a questão das finanças públicas, retomar o controle sobre o orçamento, que hoje, em grande parte, está na mão do Legislativo.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Últimos comentários

Instale nossos aplicativos
Divulgação de riscos: Negociar instrumentos financeiros e/ou criptomoedas envolve riscos elevados, inclusive o risco de perder parte ou todo o valor do investimento, e pode não ser algo indicado e apropriado a todos os investidores. Os preços das criptomoedas são extremamente voláteis e podem ser afetados por fatores externos, como eventos financeiros, regulatórios ou políticos. Negociar com margem aumenta os riscos financeiros.
Antes de decidir operar e negociar instrumentos financeiros ou criptomoedas, você deve se informar completamente sobre os riscos e custos associados a operações e negociações nos mercados financeiros, considerar cuidadosamente seus objetivos de investimento, nível de experiência e apetite de risco; além disso, recomenda-se procurar orientação e conselhos profissionais quando necessário.
A Fusion Media gostaria de lembrar que os dados contidos nesse site não são necessariamente precisos ou atualizados em tempo real. Os dados e preços disponíveis no site não são necessariamente fornecidos por qualquer mercado ou bolsa de valores, mas sim por market makers e, por isso, os preços podem não ser exatos e podem diferir dos preços reais em qualquer mercado, o que significa que são inapropriados para fins de uso em negociações e operações financeiras. A Fusion Media e quaisquer outros colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo não são responsáveis por quaisquer perdas e danos financeiros ou em negociações sofridas como resultado da utilização das informações contidas nesse site.
É proibido utilizar, armazenar, reproduzir, exibir, modificar, transmitir ou distribuir os dados contidos nesse site sem permissão explícita prévia por escrito da Fusion Media e/ou de colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo. Todos os direitos de propriedade intelectual são reservados aos colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo e/ou bolsas de valores que fornecem os dados contidos nesse site.
A Fusion Media pode ser compensada pelos anunciantes que aparecem no site com base na interação dos usuários do site com os anúncios publicitários ou entidades anunciantes.
A versão em inglês deste acordo é a versão principal, a qual prevalece sempre que houver alguma discrepância entre a versão em inglês e a versão em português.
© 2007-2024 - Fusion Media Limited. Todos os direitos reservados.