Rio de Janeiro, 28 nov (EFE).- A economia do país cresceu 0,1% no terceiro trimestre em relação ao segundo e superou a recessão técnica na qual tinha caído, ao acumular dois trimestres consecutivos de contração, informou nesta sexta-feira o Governo.
A expansão do Produto Interno Bruto (PIB) no período entre julho e setembro, apesar de ser mínima e refletir uma estagnação, contrasta com a contração de 0,6% registrada no segundo trimestre e de 0,2% do primeiro trimestre, segundo os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
No entanto, a economia sofreu no terceiro trimestre uma contração de 0,2% em relação ao mesmo período de 2013, variação negativa inferior à sofrida no segundo trimestre na mesma comparação (0,9%).
O crescimento acumulado nos nove primeiros meses de 2014 frente ao mesmo período do ano passado se limitou a 0,2%, após ter sido de 0,5% no primeiro semestre.
Da mesma forma, a expansão econômica do país nos últimos 12 meses até setembro caiu para 0,7%, após ter sido de 1,4% até junho.
Os resultados divulgados pelo Governo reforçam as previsões negativas dos economistas do mercado financeiro, que projetam para este ano uma forte desaceleração e um crescimento de apenas 0,20%.
Se for confirmada tal previsão, o crescimento deste ano será o menor desde 2009, quando o país sofreu uma contração de 0,33%.
A previsão dos economistas, no entanto, está muito abaixo da expansão de 0,9% esperada pelo Governo e até de 0,6% admitido pelo Banco Central (BC) em sua última análise trimestral.
Em qualquer dos casos, o Brasil sofrerá um forte desaceleração após a ligeira recuperação de 2013. Depois de ter registrado alta de apenas 1% em 2012, a economia se recuperou o ano passado e cresceu um 2,30%.
A leve recuperação do terceiro trimestre foi impulsionada principalmente pelo setor industrial, que cresceu 1,7% frente ao segundo trimestre, já que o setor de serviços só cresceu 0,5% e o agropecuário sofreu contração de 1,9%.
A indústria reagiu depois que sua produção foi afetada pelos feriados que o Brasil teve em junho, quando o país organizou a Copa do Mundo.
Todos os setores industriais registraram crescimento frente ao segundo trimestre, com destaque para a extração mineral (2,2%) e a construção civil (1,3%).
A produção agropecuária, por sua vez, foi afetada pela intensa seca que castigou várias regiões do Brasil nos últimos meses.
Apesar da variação positiva no trimestre, o consumo das famílias, que nos últimos anos foi o principal motor da economia brasileira graças à redução da pobreza e do desemprego, sofreu queda de 0,3% na comparação com o segundo trimestre.
Em contrapartida, o consumo do Governo aumentou 1,3% no terceiro trimestre frente ao segundo e o investimento na produção teve igual porcentagem positiva.
Na comparação com o terceiro trimestre do ano passado, a produção industrial caiu 1,5%, enquanto que o setor serviços cresceu 0,5% e a agropecuária 0,3%.
O consumo das famílias cresceu 0,1% em relação ao terceiro trimestre de 2013, graças a que a massa salarial se expandiu 2,9% no período por causa da redução do desemprego.
O PIB foi publicado um dia depois que o economista Joaquim Levy, nomeado como ministro da Fazenda para o segundo ordem da presidente Dilma Rousseff, anunciou medidas para ajustar as contas públicas que exigem a redução das despesas do Governo e a eliminação dos incentivos fiscais que vinham sendo concedidos a setores em crise.