Por Balazs Koranyi
FRANKFURT (Reuters) - A economia da zona do euro mostrou alguns sinais de vida nesta terça-feira com uma série de indicadores apontando para um crescimento morno, mas ainda positivo, de um bloco que vem contornando uma recessão há mais de um ano.
A produção industrial expandiu e a demanda por empréstimos aumentou, enquanto que as expectativas em uma importante pesquisa de confiança alemã também subiram mais do que o previsto, oferecendo alguma tranquilidade depois que indicadores tenderam a ter um desempenho abaixo das expectativas no mês passado.
É provável que os números reforcem as apostas de que o bloco ainda está crescendo, mesmo que no ritmo mais lento possível, mas não devem impedir o Banco Central Europeu de realizar um corte na taxa de juros, que já está quase totalmente precificado.
A produção industrial aumentou 1,8% no mês de agosto sobre julho, um pouco acima das expectativas, e subiu 0,1% em relação ao ano anterior, impulsionada pelo aumento da demanda por bens de capital e bens de consumo duráveis, informou a Eurostat.
A produção na Alemanha, a maior economia do bloco, cresceu mais de 3% no mês, o aumento mais intenso entre as maiores economias do bloco, mesmo que o valor anualizado ainda tenha sido negativo.
Os altos custos de energia, a demanda morna da China e o aumento da concorrência de outros produtores enfraqueceram o setor industrial da Alemanha nos últimos anos, o que levou a uma avaliação sobre a viabilidade do modelo econômico do país voltado para o setor.
"Ainda assim, as expectativas em relação ao setor continuam sem brilho para o resto do ano", disse Bert Colijn, economista do ING. "A lista de preocupações para a indústria da zona do euro é longa no momento, e... é muito difícil ver o início de uma recuperação vibrante para o setor."
Em outro sinal de leve esperança para a Alemanha, a confiança dos investidores melhorou mais do que o esperado em outubro, com o índice de sentimento econômico do ZEW subindo de 3,6 pontos em setembro para 13,1 pontos.
As expectativas de uma inflação baixa e estável, as apostas em novos cortes nos juros e uma leve melhora na demanda de exportação contribuíram para a melhor leitura do sentimento, disse o ZEW.
Ele acrescentou que as recentes medidas de estímulo da China também estão alimentando alguma esperança tanto para a Alemanha quanto para a zona do euro em geral.
O BCE já cortou os juros duas vezes este ano e é quase certo que fará outro corte nesta semana, além de manter uma nova redução em jogo para dezembro, já que a inflação está agora a perto de sua meta de 2%.
O aumento da demanda por empréstimos, um precursor de crescimento econômico duradouro, também está refletindo as expectativas de juros mais baixos.
A demanda por empréstimos bancários, a principal fonte de financiamento para o setor corporativo, aumentou no terceiro trimestre e espera-se um novo aumento nos últimos três meses do ano, com as hipotecas das famílias impulsionando a expansão, informou o BCE com base em uma pesquisa com os principais credores.
O crescimento dos empréstimos tem oscilado acima de zero durante todo o ano, uma vez que as taxas de juros elevadas e a fraqueza do crescimento reduziram a demanda, deprimindo as perspectivas em um bloco que contorna uma recessão há anos.
"Pela primeira vez desde o terceiro trimestre de 2022, os bancos relataram um aumento líquido moderado na demanda das empresas por empréstimos ou saques de linhas de crédito, embora permaneçam fracos em geral", disse o BCE em uma pesquisa trimestral com 156 grandes credores. "A demanda líquida por empréstimos para habitação se recuperou fortemente".
As taxas de juros mais baixas impulsionaram a demanda por empréstimos corporativos, mas os investimentos tiveram pouco impacto, disse o BCE. Entre os clientes residenciais, o aumento da demanda foi impulsionado pela redução das taxas de juros e pela melhoria das perspectivas do mercado imobiliário.
Neste trimestre, os bancos observam um novo aumento na demanda líquida em todos os segmentos de empréstimos, especialmente para empréstimos habitacionais.