Por Camila Moreira
SÃO PAULO (Reuters) - Depois de o Banco Central ter explicitado que não reduzirá os juros, economistas de instituições financeiras mantiveram a perspectiva de Selic a 11 por cento em 2014 e a 12 por cento em 2015, e reduziram a projeção para a inflação neste ano.
Pesquisa Focus do BC divulgada nesta segunda-feira continua mostrando expectativa de que novo ciclo de aperto monetário só começará em janeiro de 2015, com alta de 0,25 ponto percentual, inalterado sobre a semana anterior. Para o Top-5 de médio prazo, com as instituições que mais acertam as projeções, o Focus mostrou que a expectativa continua sendo de Selic a 11 por cento neste ano, mas para 2015 a expectativa foi reduzida a 12 por cento, contra 12,25 por cento anteriormente.
O levantamento veio após o BC mostrar, por meio da ata do Comitê de Política Monetária (Copom) divulgada na quinta-feira passada, que o cenário não contempla queda dos juros, em meio ao cenário de inflação elevada.[nL2N0PZ131]
Os agentes econômicos consultados no Focus reduziram a projeção para o IPCA em 2014 em 0,03 ponto percentual, a 6,41 por cento.
Com isso, a expectativa se afasta um pouco mais do teto da meta do governo, que é de 4,5 por cento com margem de 2 pontos percentuais para mais ou menos, onde tem girado recentemente.
Na ata, o BC também piorou seu cenário sobre a inflação, informando que pelo cenário de referência a projeção para a inflação de 2014 e de 2015 foi elevada sobre o valor do documento anterior e permanece acima do centro da meta.
Mas manteve em 5 por cento sua projeção para a alta nos preços administrados neste ano, mesma perspectiva dos economistas consultados na pesquisa Focus.
Para 2015, a perspectiva mediana no Focus para o IPCA foi elevada a 6,21 por cento, contra 6,12 por cento. Para os próximos 12 meses, houve ajuste de 0,01 ponto percentual para baixo, a 5,94 por cento.
O Top-5 de médio prazo, por sua vez, passou a ver a inflação abaixo do teto da meta este ano, a 6,39 por cento, contra 6,51 por cento na pesquisa anterior. Mas para 2015 manteve a projeção de 6,75 por cento.
CRESCIMENTO
Ao mesmo tempo em que o país enfrenta inflação elevada, a atividade econômica mostra contínua perda de fôlego. A projeção dos economistas agora para a expansão do Produto Interno Bruto em 2014 é de 0,90 por cento, contra 0,97 por cento anteriormente, nona semana seguida de redução. No ano passado, o PIB cresceu 2,5 por cento.
Para a indústria, que vem pesando com força sobre a economia, foi mantida a perspectiva de contração de 1,15 por cento.
Já em relação a 2015, a projeção para o crescimento do PIB permaneceu em 1,50 por cento, com a estimativa de crescimento da indústria ainda em 1,70 por cento.