Londres, 15 jun (EFE).- As firmas financeiras e assessorias jurídicas da "elite" do Reino Unido excluem de forma sistemática em seus processos de seleção os jovens que não provêm de classes sociais privilegiadas, alertou nesta segunda-feira a Comissão de Mobilidade Social e Pobreza Infantil do governo britânico.
Um estudo elaborado para essa comissão pela Universidade de Londres concluiu que 70% das ofertas de trabalho em 13 firmas do setor jurídico, financeiro e de auditorias no Reino Unido foram para candidatos formados em escolas privadas, apesar de apenas 11% dos britânicos passarem por esses centros.
Alan Milburn, presidente da comissão e antigo ministro da Saúde durante o governo do trabalhista Tony Blair, afirmou que as companhias "excluem os jovens que têm as notas e as habilidades adequadas, mas cujos pais não têm as contas bancárias apropriadas".
O estudo sustenta que os candidatos que provêm de escolas públicas necessitam de melhores qualificações do que seus companheiros de centros privados para conseguir um posto de trabalho nessas empresas.
Segundo o relatório, cerca da metade dos candidatos que entram nos processos de seleção são graduados em universidades consideradas de elite como Cambridge e Oxford.
"A alta proporção de solicitações provenientes dessas universidades é o resultado direto das estratégias de exigência e contratação das firmas", aponta o estudo.
Segundo os testemunhos de responsáveis de seleção dessas empresas citados no relatório, as firmas buscam candidatos "finos" e com um toque particular.
"Estatisticamente, é possível que haja um diamante aí fora, mas a questão é: Quanto barro tenho que retirar entre essa população para encontrar o diamante?", diz um desses testemunhos.
Mark Boleat, presidente do Comitê de Política da City de Londres, o centro financeiro da capital britânica, afirmou que o estudo aponta para "uma grave ameaça à mobilidade social no Reino Unido".
"Apesar de muitas empresas estarem criando períodos de práticas remuneradas para atrair jovens brilhantes de entorno pouco privilegiados, muitas companhias ainda são culpadas por contratar pessoas que têm sua mesma imagem", disse Boleat.