FRANKFURT (Reuters) - As empresas da zona do euro preveem que os salários subirão 3% ou mais neste ano, conforme trabalhadores exigem compensação pela inflação e fica mais difícil encontrar funcionários como construtores e engenheiros de software, disse o Banco Central Europeu nesta sexta-feira.
O crescimento dos salários é um indicador crucial para o BCE avaliar a trajetória futura da inflação e definir o momento para o que seria seu primeiro aumento de juros em mais de uma década.
O BCE conversou com 74 grandes empresas que operam na zona do euro fora do setor financeiro em meados de janeiro, e descobriu que as condições do mercado de trabalho estão se apertando, com os salários subindo ou a caminho de subir após um quase congelamento nos últimos dois anos.
"Na maioria dos casos, os contatos disseram esperar que os aumentos salariais médios passem de cerca de 2% no passado recente para 3% ou possivelmente mais neste ano", informou o BCE em um relatório.
"Taxas significativamente mais altas de inflação salarial foram relatadas ou previstas em relação a empregos cujo recrutamento e retenção de funcionários é um desafio, por exemplo, nas áreas de construção e transporte rodoviário e para especialistas em TI e engenheiros de software."
Na quinta-feira, em sua reunião de política monetária, o BCE em fim reconheceu os riscos crescentes da inflação e até abriu portas para um aumento de juros neste ano, marcando uma notável reviravolta de postura de um dos bancos centrais mais "dovish" (tolerante com a alta dos preços) do mundo.
(Reportagem de Francesco Canepa)