(Reuters) - O setor público consolidado teve superávit primário de 21,063 bilhões de reais em janeiro, beneficiado de elevada economia de Estados e municípios, fazendo as contas públicas fecharem o primeiro mês de 2015 com superávit nominal, o que não ocorria desde janeiro de 2013.
O resultado foi melhor que o esperado por analistas consultados pela Reuters, cuja mediana apontava saldo positivo de 18,250 bilhões de reais.
Em 12 meses até janeiro, o resultado primário apresentou um déficit equivalente a 0,61 por cento do Produto Interno Bruto (PIB).
Em janeiro o resultado nominal ficou superavitário em 3,041 bilhões de reais no mês passado, o primeiro desempenho positivo desde janeiro de 2013.
Do superávit primário do setor público consolidado, o governo federal registrou superávit de 10,075 bilhões de reais (o pior resultado para meses de janeiro desde 2009) e as estatais federais, superávit de 444 milhões de reais.
Já os governos regionais tiveram desempenho positivo de 10,544 bilhões de reais, o melhor resultado mensal para Estados e municípios da série iniciada pelo BC em dezembro de 2001, compensando parcialmente o resultado fraco do governo central e ajudando as contas públicas em termos consolidados.
Esta semana, a Reuters mostrou que os governo regionais estão apertando o cinto, em iniciativa que ajuda no controle das contas públicas, mas que amplia a possibilidade de recessão neste ano.
A meta de superávit primário de 2015 é de 1,2 por cento do PIB, um alvo considerado ainda difícil de ser atigindo em contexto de fraca atividade econômica e dificuldade de arrecadação.
O chefe do Departamento Econômico do BC, Tulio Maciel procurou mostrar otimismo com os números divulgados nesta manhã.
"O resultado de janeiro é resultado significativo, um bom início de ano", disse a jornalistas.
Para reverter essa desconfiança dos investidores a equipe econômica está reforçando o ajuste fiscal com uma série de medidas. Somente nesta semana o governo divulgou o bloqueio de 150 bilhões de reais em despesas ainda não liquidadas dos anos de 2013 e de 2014 e anunciou limite de gasto de 75 bilhões de reais para os órgãos públicos no primeiro quadrimestre do ano.
Nesta sexta-feira, o governo divulgou mudanças na desoneração da folha em medida para reduzir a elevada renúncia tributária deste benefício.
Segundo Maciel, o resultado de janeiro "não refletiu" o efeito do conjunto de medidas que vêm sendo adotadas. "Esses impactos serão incorporados gradualmente."
Ainda de acordo com os dados do Tesouro desta manhã, em janeiro a dívida líquida representou 36,6 por cento do Produto Interno Bruto (PIB). Já a dívida bruta ficou em 64,4 por cento do PIB em janeiro.
(Reportagem de Luciana Otoni)