BRASÍLIA (Reuters) - O estoque total de crédito no Brasil subiu 0,6% em fevereiro sobre janeiro, passando a 3,491 trilhões de reais, desempenho que deve ser refreado daqui para frente diante dos impactos na economia do coronavírus.
O Banco Central divulgou nesta sexta-feira que no primeiro bimestre a alta do crédito no país foi de 0,4% e em 12 meses, de 7,5%. A tendência, contudo, é que esse ritmo perca força.
Para este ano, o BC cortou na véspera sua perspectiva de aumento do estoque de crédito a 4,8%, frente a 8,1%, destacando que o ajuste nas projeções deu-se principalmente nas operações com recursos livres, em que as taxas são livremente pactuadas entre bancos e tomadores. [nE6N2BD00D]
Segundo o BC, essas operações são mais sensíveis ao ciclo econômico, tendo exibido crescimento expressivo nos últimos anos.
Em fevereiro, o crédito livre avançou 0,9% frente a janeiro, enquanto o crédito direcionado subiu 0,2% na mesma base de comparação.
CRÉDITO MAIS CARO
Em relação ao custo dos financiamentos no país, os juros médios subiram a 34,1% ao ano em fevereiro, contra 33,7% no mês anterior, dado que considera apenas o segmento de recursos livres.
O spread, que mede a diferença entre a taxa de captação dos bancos e a cobrada a seus clientes, teve alta de 0,6 ponto no mesmo período, a 28,9 pontos percentuais.
Isso ocorreu apesar da inadimplência ter ficado estável em 3,8% no segmento, e num mês em que o BC cortou a Selic em 0,25 ponto percentual, a 4,25%. Em março, o BC aprofundou o relaxamento monetário, com redução de mais 0,5 ponto em meio ao surto do Covid-19, levando a taxa básica de juros ao patamar atual de 3,75%.
Na véspera, o presidente da autarquia, Roberto Campos Neto, pontuou que, analisando o comportamento do crédito na ponta, a taxa de juros deixou de ser preponderante, com as condições de liquidez e capital tendo papel mais importante na precificação dos financiamentos. Por isso, reforçou ele, o BC tem atuado na maior oferta de liquidez na economia em suas medidas de enfrentamento ao coronavírus. [nL1N2BJ1QB]
Dentre as modalidades de crédito mais caras, o destaque ficou novamente com o rotativo do cartão de crédito, que vale quando o cliente não paga a fatura do cartão na íntegra na data do vencimento. Os juros médios, inclusive, subiram 5,9 pontos em fevereiro sobre janeiro, a 322,6% ao ano.
Já a taxa média do cheque especial caiu 11 pontos na mesma base de comparação, a 130% ao ano. O BC impôs um limite para os juros do cheque especial de 8% ao mês, cerca de 151,82% ao ano, regra que começou a valer a partir de janeiro deste ano. [nL2N2AR0DN]
(Por Marcela Ayres)