WASHINGTON (Reuters) - Apesar do ganho de tração da economia norte-americana, autoridades do Federal Reserve permaneceram cautelosas sobre a continuidade dos riscos da pandemia e se comprometeram com o suporte da política monetária até que a recuperação esteja mais assegurada, mostrou a ata da reunião de março do banco central dos Estados Unidos.
Com suas próprias estimativas projetando o mais forte crescimento econômico em quase 40 anos, "os participantes concordaram que a economia permanece longe dos objetivos de longo prazo (do Fed) e que a trajetória à frente continua altamente incerta", mostrou o documento.
"Os participantes destacaram que provavelmente levará algum tempo" até que as condições melhorem o suficiente para que o Fed avalie uma redução do apoio.
O que isso pode significar na prática, entretanto, continua obscuro, e divisões entre as autoridades do Fed sobre por quanto tempo manter o forte suporte do banco central ficaram à vista nesta quarta-feira.
O presidente do Fed de Chicago, Charles Evans --que concorda com a maioria de seus colegas que os juros provavelmente precisarão permanecer perto de zero até 2023--, disse ver um período confortável de inflação mais alta neste ano, mas que o Fed não deveria se movimentar até que tenha certeza de que os preços não voltarão a cair abaixo da meta de inflação de 2%.
"Nós realmente precisamos ser pacientes e dispostos a ser mais ousados do que a maioria dos banqueiros centrais mais conservadores escolheriam ser", disse ele a repórteres.
Separadamente, o presidente do Fed de Dallas, Robert Kaplan, reiterou suas antigas preocupações de que juros baixos e as compras de títulos pelo Fed podem alimentar excessos e desequilíbrios nos mercados.
Quando a pandemia diminuir, disse ele, o Fed deveria reduzir suas compras de títulos e avançar em direção a uma alta de juros em 2022. Kaplan sinalizou poder até estar aberto a fazer ambos os movimentos de uma vez.
Na reunião de março, o Fed não fez mudanças em sua taxa de juros, que está próxima de zero, nem no ritmo de 120 bilhões de dólares em compras mensais de títulos e tampouco mexeu em sua promessa de manter tudo como está até que a economia esteja recuperada da perda de empregos e de outros danos financeiros provocados pela pandemia e a recessão associada.
(Por Howard Schneider, Ann Saphir e Jonnelle Marte)