Berlim, 1 fev (EFE).- O Governo alemão está disposto a comprar
uma polêmica lista com os dados de quase 1.500 sonegadores de
impostos que depositaram fundos em bancos suíços e que lhe foi
oferecida por um informante anônimo em troca de 2,5 milhões de
euros.
Um porta-voz do Ministério das Finanças alemão anunciou hoje que
as autoridades agirão da mesma maneira que há dois anos, quando o
serviço secreto alemão (BND) foi autorizado a comprar uma lista de
sonegadores que tinham desviado parte de seu patrimônio para contas
em Liechtenstein. O documento custou cinco milhões de euros.
"Queremos agir rapidamente com base no caso de Liechtenstein",
disse o porta-voz do Tesouro alemão, ao comentar que ainda existem
dúvidas jurídicas, como sobre as competências dos Estados federados,
que são os responsáveis pela arrecadação tributária.
Além disso, ressaltou que o Governo alemão deseja trabalhar de
maneira "construtiva" com as autoridades da Suíça, que criticou
duramente a possível compra e venda da lista assegurando que, entre
outros argumentos, isso incentivaria o tráfico ilegal de dados.
Segundo o porta-voz, a chanceler alemã, Angela Merkel, e o
ministro de Finanças, Wolfgang Schäuble, conversariam sobre o caso
hoje.
A compra da polêmica lista foi apoiada pela oposição
social-democrata, a Polícia e diversos analistas financeiros.
O chefe do sindicato alemão de Polícia (GdP), Konrad Freiberg,
ressaltou que a compra desses dados, armazenados aparentemente em um
CD, é "inevitavelmente necessária" para que os sonegadores deixem de
viver às custas da sociedade.
Já o presidente do Partido Social-Democrata (SPD), Sigmar
Gabriel, declarou que "não podemos deixar criminosos escaparem só
por que foram desmascarados por outros criminosos", segundo o jornal
"Süddeutsche Zeitung".
As críticas contra a compra dos polêmicos dados surgiram, no
entanto, de dentro das fileiras da União Democrata-Cristã (CDU),
presidida por Merkel.
"Um roubo é um roubo. O Estado não deve conversar com ladrões",
afirmou Volker Kauder, líder do partido no Parlamento alemão, citado
pelo "Süddeutsche Zeitung".
Por enquanto, ainda não se sabe exatamente quais são os bancos
suíços envolvidos no caso. Veículos de imprensa da Suíça afirmaram
que a maior parte dos sonegadores teria contas no UBS, o que a
companhia desmentiu, enquanto a edição alemã do "Financial Times"
publicou que o caso afeta a filial suíça do HSBC. EFE