Por Balazs Koranyi e Frank Siebelt
FRANKFURT (Reuters) - As autoridades do Banco Central Europeu (BCE) estão inclinadas a embarcar num pacote de estímulo que inclui um corte na taxa de juros, além de uma promessa reforçada de manter as taxas baixas por mais tempo e uma compensação aos bancos pelos efeitos colaterais dos juros negativos, disseram cinco fontes familiarizadas com a discussão.
Muitos também apoiam a retomada da compra de ativos, uma arma significativamente mais poderosa, mas a oposição de alguns países do norte da Europa está complicando essa discussão, acrescentaram as fontes, que não quiseram se identificar.
Um porta-voz do BCE se recusou a comentar. As fontes enfatizaram que nenhuma decisão foi tomada e que as discussões estavam em andamento, inclusive sobre o tamanho do corte na taxa de juros.
Com o crescimento econômico diminuindo à medida que a guerra comercial global ameaça se intensificar, o BCE prometeu anunciar mais estímulos após a reunião de 12 de setembro, deixando os mercados apenas com a dúvida acerca da composição do pacote esperado.
As fontes acrescentaram que não haver motivo para escalonar os movimentos de estímulo ao longo de várias reuniões, mesmo que a incerteza do Brexit tenha chances de aumentar. Contudo, elas disseram que é vital que o BCE deixe algumas ferramentas de reserva sem uso para Christine Lagarde --que em 1º de novembro assumirá o cargo de presidente sucedendo Mario Draghi-- implantar, se necessário.
Várias fontes disseram que as propostas finais provavelmente serão passadas às autoridades apenas durante a semana da reunião, como é habitual antes das principais decisões.
Compras de títulos são especialmente controversas porque o BCE está se aproximando dos limites autoimpostos dos emissores. Portanto, qualquer movimento substancial arriscaria forçar as autoridades a abandonar suas próprias regras e expor o esquema a desafios legais.
Mas três das fontes disseram que o BCE tinha espaço para conduzir cerca de um ano de compras de títulos se utilizando da flexibilidade de sua atual estrutura, de forma que não há necessidade imediata de mudar a regra que exige que o BCE detenha não mais que um terço dos títulos de cada país.
A dívida soberana continuaria sendo o alvo de qualquer novo programa de compras, mas os ativos do setor privado também podem ser incluídos, acrescentaram as fontes.
Sobre os juros, atualmente, a taxa de depósito do BCE está em -0,4% e, para sustentar a confiança, é provável que o BCE revise sua promessa de manter as taxas baixas, apresentando orientações "reforçadas" que especificarão quais condições de inflação serão necessárias antes que os juros possam subir.
Atualmente, o BCE pretende manter as taxas nos níveis atuais ou inferiores pelo menos até o primeiro semestre de 2020, e a nova orientação provavelmente reduzirá a ênfase em prazos específicos para a mudança, acrescentaram as fontes.
O BCE encerrou seu programa de compra de títulos de 2,6 trilhões de euros (2,90 trilhões de dólares), conhecido como flexibilização quantitativa (QE, na sigla em inglês), apenas em dezembro passado e parecia a caminho de elevar os juros neste ano, com a recuperação da economia.
Mas o sentimento se deteriorou rapidamente desde que a guerra comercial reduziu as exportações, o Brexit minou a confiança e a desaceleração da China enfraqueceu a demanda.