Autoridades do banco central dos Estados Unidos sinalizaram nesta segunda-feira que veem a taxa básica de juros permanecendo alta, ou até mesmo em alta, devido à inflação persistente --um forte contraste com a visão do mercado de que o Federal Reserve cortará os custos de empréstimo bem antes do fim de 2023.
A inflação diminuiu um pouco e deve desacelerar ainda mais, disse o presidente do Fed de Atlanta, Raphael Bostic, mas o processo não será rápido o suficiente para justificar cortes de juros tão cedo.
Ele acrescentou que, "se vai haver um viés para a ação, para mim haveria um viés para aumentar um pouco mais, em vez de cortar".
Para o presidente do Fed de Minneapolis, Neel Kashkari, o banco central provavelmente tem "mais trabalho a fazer da nossa parte, para tentar reduzir a inflação". A inflação, que caiu em abril para um ritmo anual de 4,9% ante 5% em março, ainda está "alta demais", disse ele, e o mercado de trabalho, com desemprego de 3,4%, ainda está forte.
Não devemos nos deixar enganar por alguns meses de dados positivos", disse Kashkari à Minnesota Transportation Conference & EXPO em St. Paul, Minnesota. "Ainda estamos bem acima de nossa meta de inflação de 2% e precisamos terminar o trabalho."
Austan Goolsbee, presidente do Fed de Chicago, disse nesta segunda-feira acreditar que o impacto total dos incrementos de juros do Fed até agora ainda não foi sentido. "Queremos ter certeza, na medida do possível, de colocar a inflação de volta na trajetória correta, na trajetória de metas, sem iniciar uma recessão", afirmou.
Enquanto isso, os mercados financeiros consideram apenas uma pequena chance de uma nova alta de juros em junho, quando o Fed se reúne, e os contratos futuros de juros precificam que a taxa básica do Fed termine o ano na faixa de 4,25% a 4,5%.
Parte desse preço pode estar refletindo hedges contra uma recessão mais profunda do que o esperado. Bostic disse nesta segunda-feira que qualquer recessão provavelmente não será longa nem profunda.
(Por Dan Burns, Ann Saphir e Howard Schneider)