Por Howard Schneider e Ann Saphir
WASHINGTON (Reuters) - A recuperação econômica dos Estados Unidos continua no caminho certo, apesar de um aumento nas infecções por coronavírus, disse o Federal Reserve nesta quarta-feira em novo comunicado de política monetária que permaneceu otimista e sinalizou debates em andamento em torno de eventual retirada do apoio à política monetária.
Em coletiva de imprensa, o chair do Fed, Jerome Powell, disse que o mercado de trabalho dos EUA ainda tem "algum terreno a cobrir" antes que seja hora de retirar o apoio econômico que o Fed colocou em prática na primavera norte-americana de 2020 para combater os choques econômicos da pandemia.
"Eu gostaria de ver alguns números de empregos sólidos" nos próximos meses, antes de reduzir os 120 bilhões de dólares em compras mensais de títulos que o Fed continua a fazer, mesmo com o país a caminho de um crescimento econômico recorde neste ano, disse.
Mas Powell também deixou de lado, pelo menos por ora, o risco de que a propagação renovada do coronavírus por meio de sua variante Delta, mais infecciosa, coloque a recuperação em xeque ou tire o Fed do caminho da retirada de políticas de combate à crise.
"Isso terá consequências significativas para a saúde" nas áreas do país onde os surtos estão se intensificando, disse Powell. Mas nas ondas anteriores de infecções por coronavírus "houve tendência de haver menos implicações econômicas ... Não é uma expectativa absurda" que isso permaneça o caso desta vez.
O comunicado do Fed, divulgado após a conclusão de sua mais recente reunião de política monetária de dois dias, refletiu essa confiança.
"Com o progresso nas vacinações e forte apoio de política, os indicadores de atividade econômica e emprego continuaram a se fortalecer", disse o banco central dos EUA no documento.
Olhando para além do aumento de quatro vezes nas infecções diárias por coronavírus nos EUA ocorrido desde a reunião do Fed em junho, o banco central indicou ainda acreditar que uma campanha de vacinação em curso irá "reduzir o efeito da crise de saúde pública na economia" e permitir que uma reabertura robusta prossiga.
Os formuladores de política monetária do Fed, em decisão unânime, também disseram que estão avançando nas discussões sobre quando reduzir os 120 bilhões de dólares em compras mensais de títulos pelo banco central, um precursor de eventual aumento das taxas de juros.
Em dezembro, o Fed disse que não mudaria seu programa de compra de títulos até que houvesse "progresso substancial" na recuperação de um mercado de trabalho que estava então com 10 milhões de empregos aquém dos patamares de antes da pandemia.
O déficit está hoje abaixo de 7 milhões, e o Fed reconheceu pela primeira vez que a economia deu um passo em direção à sua meta para reduzir as compras mensais de 80 bilhões de dólares em títulos do Tesouro dos EUA e de 40 bilhões de dólares em títulos lastreados em hipotecas para manter baixos os custos de empréstimos de longo prazo para consumidores e empresas.
"A economia progrediu e o Comitê (o Fomc) continuará avaliando o progresso nas próximas reuniões", disse o Fed, apontando uma possível redução nas compras de títulos no fim deste ano ou no início de 2022.
O Fed também disse que a inflação mais alta continua sendo resultado de "fatores transitórios", o que significa que não é um risco iminente.
O banco central manteve sua taxa de juros de referência de um dia perto de zero e deixou o programa de compra de títulos inalterado.
(Por Howard Schneider e Jonnell Marte)