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Fed sinaliza alta de juros para 2023 e início de conversa sobre redução de compra de ativos

Publicado 16.06.2021, 17:28
© Reuters. O chair do Fed, Jerome Powell. 24/09/2020. REUTERS/Drew Angerer.

Por Howard Schneider e Ann Saphir e Jonelle Marte

WASHINGTON (Reuters) - O Federal Reserve antecipou nesta quarta-feira para 2023 suas projeções para o primeiro aumento nas taxas de juros pós-pandemia e abriu a discussão sobre quando e como pode ser apropriado para o banco central começar a reduzir suas compras mensais de ativos.

Citando uma melhor situação sanitária e o papel da vacinação em limitar a propagação do vírus, as autoridades também minimizaram o impacto da pandemia no crescimento, abandonando uma mensagem de longa data de que a crise estava pesando sobre a economia.

Falando a repórteres após a conclusão da reunião de dois dias, o chair do Fed, Jerome Powell, afirmou que os formuladores de política do banco começaram "a falar sobre falar sobre" reduzir os atuais 120 bilhões de dólares em compras mensais de ativos, que as autoridades afirmaram que continuarão até que "progresso adicional substancial" tenha sido feito em direção às metas do Fed de pleno emprego e inflação de 2%.

"Nas próximas reuniões, o comitê continuará a avaliar o progresso da economia em direção aos nossos objetivos", disse Powell.

O chair do Fed recusou-se a oferecer uma diretriz sobre o momento para qualquer mudança futura na política monetária, enfatizando que mais progresso econômico é necessário antes que o padrão de "progresso adicional substancial" seja alcançado.

Ele deixou claro que o banco central vai se comunicar com o mercado e a sociedade antes de promover uma mudança na política. "Avisaremos com antecedência antes de anunciar qualquer decisão de realizar alterações em nossas aquisições", disse ele.

PROJEÇÕES ECONÔMICAS

As novas projeções do Fed mostram que uma maioria de 11 das 18 autoridades do banco central previram pelo menos dois aumentos de 0,25 ponto percentual nas taxas de juros para 2023, mesmo com autoridades prometendo, em comunicado, manter por ora a política de apoio para estimular uma recuperação dos empregos em curso.

Essa projeção de aumento dos juros, juntamente a uma nova projeção de três anos de inflação acima da meta de 2% do banco central, sugerem que as preocupações com o superaquecimento têm aumentado acentuadamente dentro do comitê que define a política monetária do Fed.

"O progresso na vacinação reduziu a disseminação da Covid-19 nos Estados Unidos", disse o banco central dos EUA em um comunicado após sua mais recente reunião de política monetária, uma mudança substancial para uma instituição que condicionou a política monetária nos últimos 14 meses ao combate à pandemia.

A nova linguagem não significa que uma mudança na política monetária seja iminente: nesta quarta, o Fed manteve sua taxa de juros de curto prazo próxima de zero e informou que continuará a adquirir, mensalmente, 80 bilhões de dólares em títulos do Tesouro e 40 bilhões de dólares em títulos lastreados em hipotecas para alimentar a recuperação econômica.

No entanto, novas projeções econômicas parecem adicionar certa urgência ao planejamento do Fed. Na mediana, as autoridades agora enxergam o primeiro aumento dos juros ocorrendo em 2023, em vez de 2024.

As projeções apontaram uma elevação das perspectivas para a inflação este ano, embora os aumentos de preços ainda tenham sido descritos como "transitórios". O crescimento econômico geral deve alcançar 7%.

Juntas, as projeções indicavam uma recuperação mais acelerada do que o previsto e justificando discussões sobre a próxima fase da política monetária do banco central.

"Essa mudança de postura é um pouco discordante com as recentes alegações do Fed de que o recente aumento da inflação é temporário", disse James McCann, vice-economista-chefe da Aberdeen Standard Investments.

DEFICIÊNCIA DE EMPREGOS

A economia continua com cerca de 7,5 milhões de empregos aquém de onde encontrava-se no início da pandemia, em fevereiro de 2020. As autoridades do Fed ainda descrevem esse nível como "longe" de sua meta de restaurar o pleno emprego.

Mas, cada vez mais, elas também têm atribuído o déficit de empregos mais a questões logísticas relacionadas ao retorno dos trabalhadores aos postos de trabalho, fatores que o Fed não pode mudar facilmente, do que à força da economia.

© Reuters. O chair do Fed, Jerome Powell. 24/09/2020. REUTERS/Drew Angerer.

Nas questões que pode influenciar --a demanda geral por bens e serviços e a necessidade de trabalhadores para fornecê-los--, o Fed sente que está mais próximo de seu objetivo.

Houve aproximadamente uma vaga de emprego para cada pessoa desempregada em maio.

Os mercados acionários dos EUA caíram e os yields dos Treasuries subiram após a divulgação do comunicado e as novas projeções sobre a economia e as taxas de juros.

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