O coordenador do Índice de Preços ao Consumidor da Fundação Instituto de Pesquisa Econômica (IPC-Fipe), Guilherme Moreira, reduziu sua projeção para o fechamento do indicador em julho, de 0,23% para 0,12%. A mudança ocorre na esteira da divulgação do resultado do índice na segunda quadrissemana do mês, que registrou variação zero, com recuo de 0,50% no grupo dos alimentos.
Moreira destaca que os alimentos in natura têm registrado significativos recuos, com destaque para itens como tomate (-20,52%); verduras (-4,98%) e frutas (-3,56%). "É uma questão muito da demanda do período. Com o frio as pessoas tendem a consumir menos esses alimentos, e em um momento em que a oferta se recupera, justamente pelo clima melhor para a produção", detalha.
O coordenador também destaca que os alimentos industrializados, que vieram um pouco pressionados nas últimas leituras, têm consolidado uma trajetória de desaceleração. "Parece que houve uma pressão pontual, em parte também pelo câmbio pressionado em algum momento, mas que agora se dissipa", diz o coordenador. Ele também cita que, ao menos no que se refere à inflação, os efeitos das enchentes no Rio Grande do Sul parecem já superados.
Houve, por outro lado, na segunda quadrissemana do mês, pressão por parte das tarifas de água e esgoto (5,02%), como reflexo do reajuste aprovado na cidade de São Paulo, salienta Moreira. Se não fosse o efeito desse reajuste, ele diz, a variação do IPC-Fipe no período seria negativa.
Dado esse cenário benigno, Moreira pontua que "não se surpreenderia" se a inflação medida pelo IPC encerrar o mês com variação ainda mais baixa que a prevista pela Fipe, com possibilidade do indicador registrar variação nula em julho.