WASHINGTON (Reuters) - O Fundo Monetário Internacional pediu aos países nesta quarta-feira que contenham seus gastos fiscais e reconstruam suas reservas, mas disse que isso pode se mostrar difícil no ano com o maior número de eleições já registrado.
Um recorde de 88 países, que abrigam mais da metade da população mundial, realizaram ou estão realizando eleições nacionais em 2024, disse o FMI, observando que os governos tendem a gastar mais e taxar menos durante anos eleitorais.
"O risco mais agudo para as finanças públicas surge do número recorde de eleições sendo realizadas em 2024, que levou o ano a ser apelidado de 'Grande Ano Eleitoral'", afirmou o FMI em sua versão mais recente do Monitor Fiscal.
Os Estados Unidos realizarão sua eleição presidencial em novembro, enquanto eleitores na Índia começam a votar ainda este mês. Taiwan, Portugal, Rússia e Turquia já realizaram eleições.
O FMI afirmou que excessos orçamentários são frequentemente prováveis em anos eleitorais, um risco amplificado pela maior demanda por gastos sociais. O fundo disse que os déficits em anos eleitorais tendem a exceder as previsões em 0,4 pontos percentuais do Produto Interno Bruto (PIB), em comparação com anos não eleitorais.
A desaceleração das perspectivas de crescimento e taxas de juros ainda elevadas restringiriam ainda mais o espaço fiscal na maioria das economias, afirmou.
As economias avançadas, excluindo os EUA, ainda estavam gastando 3 pontos percentuais a mais do que antes da pandemia de Covid-19, enquanto economias de mercados emergentes, excluindo a China, gastavam 2 pontos percentuais a mais, afirma o relatório.
A dívida pública global, enquanto isso, subiu para 93% do PIB em 2023 -- cerca de 9 pontos percentuais acima do nível pré-pandemia. O aumento da dívida foi liderado pelos EUA e China, onde a dívida aumentou em mais de 2 e 6 pontos percentuais, respectivamente.
O FMI disse que os países deveriam desfazer algumas medidas de apoio introduzidas durante a pandemia e reconstruir reservas fiscais, especialmente nos casos em que os riscos soberanos são elevados.
"Os governos devem eliminar imediatamente os legados das políticas fiscais da era da crise, incluindo subsídios à energia, e buscar reformas para conter o aumento dos gastos, protegendo ao mesmo tempo os mais vulneráveis", afirmou o FMI em uma publicação de blog que acompanha o novo relatório.
Sem esforços decisivos para reduzir os déficits, o FMI disse que a dívida pública continuará a subir em muitos países, com a dívida pública global projetada para se aproximar de 99% do PIB até 2029. O aumento será impulsionado pela China e pelos EUA, onde a dívida pública deve ultrapassar picos históricos.
(Reportagem de Andrea Shalal)