Por Howard Schneider e Ann Saphir
WASHINGTON (Reuters) - Entre impactos profundos no mercado de trabalho e inflação fraca, o chair do Federal Reserve (Fed, banco central dos Estados Unidos), Jerome Powell, entregou uma mensagem simples a investidores focados no aumento dos yields dos Treasuries e riscos da estabilide de preços: observe os dados e não espere nenhuma mudança na política monetária até que a economia esteja claramente melhorando.
Em depoimento perante o Comitê de Serviços Financeiros da Câmara dos Deputados, Powell continuou a adicionar peso à promessa do banco central dos EUA de trazer a economia de volta ao pleno emprego e de não se preocupar com a inflação, a menos que os preços comecem a subir de forma persistente e preocupante.
"Estamos apenas sendo honestos sobre o desafio", disse Powell aos parlamentares, quando questionado sobre projeções do Fed de que a inflação permanecerá igual ou abaixo da meta de 2% do banco central até 2023.
O Fed tem dito que não elevará as taxas de juros até que a inflação ultrapasse o nível de 2% e "acreditamos que podemos fazer isso, acreditamos que faremos. Pode levar mais de três anos", disse Powell.
Uma projeção de elevação dos preços na primavera (nos EUA), disse ele, pode refletir entraves de oferta pós-pandemia ou um salto na demanda com a reabertura da economia, mas nada que justifique uma resposta de política monetária.
Os comentários de Powell são apenas os mais recentes em um amplo esforço do banco central em convencer o público --e, particularmente, investidores do mercado de títulos-- de que não vai endurecer a política monetária até que fique claro que as pessoas estão retornando ao trabalho.
Recentemente, os yields dos Treasuries têm aumentado, com o risco de um potencial aumento da inflação no foco, à medida que os EUA expandem seu programa de vacinação contra o coronavírus, planejam mais gastos fiscais e se movem em direção a uma reabertura da economia pós-pandemia.
Powell --que testemunhou no Congresso nesta semana como parte de suas apresentações obrigatórias duas vezes por ano ao Capitólio para fornecer atualizações sobre a economia-- disse que o Fed precisa enxergar progresso tangível antes de mudar de marcha, e não apenas melhorias antecipadas e apostas prematuras no mercado de títulos.