Por Ann Saphir
(Reuters) - As autoridades do Federal Reserve não devem cortar a taxa de juros dos Estados Unidos nesta semana, mas suas novas projeções econômicas podem sinalizar menos cortes e um início mais tardio do afrouxamento da política monetária do que eles haviam estimado anteriormente.
A manutenção da taxa de juros no atual nível elevado por um período mais longo poderia ter grandes implicações para as famílias e empresas norte-americanas, especialmente em um ano de eleições presidenciais em que a situação da economia já é um ponto central de discussão para o presidente norte-americano, Joe Biden, e seu adversário republicano, Donald Trump.
As apostas do mercado ainda apontam para a reunião de 11 e 12 de junho do Federal Reserve como o início mais provável para reduções na taxa de juros dos EUA, que permanece na faixa de 5,25% a 5,50% desde julho passado.
Porém, com a inflação ainda bem acima da meta de 2% do Fed e mais forte do que o esperado nos dois primeiros meses deste ano, os operadores estão precificando uma chance de 40% de que o primeiro corte ocorra apenas na reunião de 30 e 31 de julho.
As apostas nos mercados financeiros também apontam para uma taxa no final de 2025 na faixa de 3,75% a 4,00%, 0,25 ponto percentual abaixo da previsão das autoridades do Fed em dezembro.
"Dois meses (de leituras de inflação mais altas) é muito cedo para declarar que tudo está perdido, mas certamente aumenta o risco de que você tenha um problema de inflação um pouco maior e, nesse caso, faz sentido ser cauteloso", disse Jeremy Schwartz, economista sênior do Nomura Securities para os EUA. "É preciso considerar a possibilidade de que seja necessário um período mais longo de política monetária restritiva."
O Nomura está entre uma minoria de analistas que acreditam que o Fed reduzirá esta semana o número de cortes previstos para este ano para apenas dois movimentos de 0,25 ponto percentual, em comparação com os três projetados em dezembro.
Um relatório divulgado na semana passada mostrando que a inflação dos preços ao consumidor acelerou para 3,2% em fevereiro, de 3,1% no mês anterior, não dará às autoridades do Fed maior confiança de que a inflação está se movendo de forma sustentável em direção à sua meta de 2%, o padrão que eles estabeleceram em janeiro para o corte das taxas.
"Eles esperavam algo melhor, é claro... mas não sei se estão completamente surpresos com isso", disse Kathy Bostjancic, economista-chefe da Nationwide, que está entre aqueles que acreditam que o Fed irá manter as previsões trimestrais divulgadas em dezembro.
"Acho que isso provavelmente só valida a opinião deles de que, sim, é prudente esperar para ver."