Por Tetsushi Kajimoto e Andrea Shalal
WASHINGTON (Reuters) - O Federal Reserve (Fed, banco central dos Estados Unidos) cortou a taxa de juros nesta terça-feira em uma medida de emergência com o objetivo de proteger a maior economia do mundo do impacto do coronavírus, enquanto autoridades financeiras do G7 prometeram ações "apropriadas" sem especificar quais.
Em comunicado, o Fed disse que estava cortando os juros para uma meta de 1,00% a 1,25%. A decisão foi unânime.
"Os fundamentos da economia dos EUA permanecem fortes. No entanto, o coronavírus apresenta riscos crescentes para a atividade econômica", afirmou o Fed em comunicado.
O presidente, dos EUA, Donald Trump disse que o corte de 0,5 ponto percentual não era o suficiente.
A decisão do Fed de cortar a taxa de juros antes de sua próxima reunião, marcada para 17 a 18 de março, reflete a urgência com a qual o Fed sente que precisa agir para evitar a possibilidade de uma recessão global.
Há mais de 90 mil casos em todo o mundo do novo coronavírus, dos quais mais de 80 mil na China, e infecções aparecendo em 77 outros países e territórios, sendo a Ucrânia o último país a relatar seu primeiro caso.
Os ministros das Finanças do G7 estão prontos para agir, inclusive com medidas fiscais quando apropriado, disse o ministro das Finanças do Japão, Taro Aso. Os bancos centrais continuarão sustentando a estabilidade de preços e o crescimento econômico.
"Nós reafirmamos nosso compromisso de adotar todas as medidas políticas apropriadas para proteger a economia dos riscos negativos apresentados pelo coronavírus, e que estamos prontos para cooperar ainda mais com medidas oportunas e eficazes", disse Aso após um telefonema do G7.
Ele não especificou uma solução e disse que a resposta de política monetária desejável vai variar de país para país.
Questionado sobre se todas as medidas apropriadas incluiriam tanto e política monetária quanto fiscal, Aso disse: "Sim, tudo será incluído, tanto medidas monetárias quanto fiscais".
Trump disse no Twitter que o Fed precisa aliviar ainda mais os juros para "se alinhar a outros países/concorrentes".
"Não estamos jogando em igualdade de condições. Não é justo com os EUA. Finalmente chegou a hora de o Federal Reserve LIDERAR. Mais flexibilização e redução!" tuitou.
O secretário do Tesouro dos EUA, Steven Mnuchin, aplaudiu a medida "não política" do Fed e disse a um comitê da Câmara dos EUA que os ministros das Finanças e presidentes dos bancos centrais do G7 concordaram em "fazer todo o possível" para limitar os danos econômicos.
Ele disse que os Estados Unidos não estavam considerando reduzir tarifas sobre produtos da China depois de uma guerra comercial contundente com a segunda maior economia do mundo, mas que analisariam todas as opções.
Os mercados de ações globais foram tomados por negócios voláteis e os preços do ouro subiram mais de 2% após a mudança do Fed.
As ações globais despencaram na semana passada com temores de que a interrupção das cadeias de suprimentos, na produção industrial e nas viagens globais causada pela epidemia possa causar um duro golpe para uma economia mundial que tenta se recuperar da guerra comercial EUA-China.
Na China, os novos casos de coronavírus estão caindo drasticamente, com 125 registrados nesta terça-feira, graças a medidas agressivas de contenção.
((Tradução Redação São Paulo, 55 11 56447757))