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EUA e Reino Unido iniciam negociações comerciais em vídeo e prometem trabalho rápido na era pós-Brexit

Publicado 05.05.2020, 17:33
Atualizado 05.05.2020, 17:35
© Reuters. Secretária de Comércio Internacional do Reino Unido, Liz Truss, durante videoconferência com o representante comercial dos EUA, Robert Lighthizer

Por David Lawder e Andrea Shalal

WASHINGTON (Reuters) - Os Estados Unidos e o Reino Unido lançaram nesta terça-feira uma primeira rodada de negociações para um acordo de livre comércio, com seus representantes comerciais comprometendo-se a trabalharem rapidamente, via online, para chegar a um acordo que "aumentará significativamente o comércio e o investimento".

As negociações, a serem conduzidas virtualmente, envolverão mais de 300 funcionários e autoridades dos EUA e do Reino Unido em quase 30 grupos de negociação, disseram o representante comercial norte-americano, Robert Lighthizer, e a ministra do Comércio do Reino Unido, Liz Truss, em comunicado conjunto.

"Vamos iniciar as negociações em ritmo acelerado e comprometemos os recursos necessários para progredir em um ritmo acelerado", disseram. "Um acordo de livre comércio contribuiria para a saúde a longo prazo de nossas economias, que é de vital importância à medida que nos recuperamos dos desafios impostos pelo Covid-19", a doença causada pelo novo coronavírus.

Será a primeira grande nova negociação comercial de Washington em 2020. Londres também tem negociado termos comerciais com a União Europeia após sua saída do bloco, em janeiro.

Ambos os países estão tentando fortalecer as cadeias de suprimentos domésticas enquanto enfrentam os efeitos da crise do coronavírus.

Lighthizer tem classificado as negociações comerciais com o Reino Unido como uma das principais prioridades do governo Trump para 2020. Ele revelou os planos há mais de um ano, que visavam acesso total, pelos produtos agrícolas dos EUA, e tarifas reduzidas para produtos manufaturados norte-americanos.

Chuck Grassley, senador republicano norte-americano pelo Estado de Iowa, disse esperar que um acordo comercial com o Reino Unido crie as bases para um acordo aperfeiçoado com a UE.

"Tudo o que espero fazer é que, se conseguirmos um bom acordo com o Reino Unido em agricultura, isso vai embaraçar a Europa", disse Grassley a repórteres em uma teleconferência.

O governo Trump procura deslocar as cadeias de suprimentos de volta para os Estados Unidos e para longe da China, onde o novo coronavírus originou-se, e está promovendo uma campanha "Buy American", para compra de suprimentos médicos e outros.

Espera-se que a agricultura esteja entre as questões mais espinhosas das negociações, dada a forte oposição britânica às culturas geneticamente modificadas dos EUA e tratamentos antibacterianos para aves.

O primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, tem prometido conduzir uma "negociação difícil" e Truss tem dito que o Reino Unido não diminuiria seus padrões de segurança alimentar.

O principal lobby empresarial norte-americano, a Câmara de Comércio dos Estados Unidos, solicitou na segunda-feira aos dois aliados históricos que eliminem todas as tarifas, dizendo que isso aumentaria as perspectivas de longo prazo para os dois países em um momento no qual suas economias foram duramente atingidas por paralisações destinadas a restringirem a propagação do Covid-19.

© Reuters. Secretária de Comércio Internacional do Reino Unido, Liz Truss, durante videoconferência com o representante comercial dos EUA, Robert Lighthizer

O comércio de mercadorias entre os EUA e o Reino Unido foi avaliado em 127,1 bilhões de dólares em 2018, com os dois lados em equilíbrio, enquanto o comércio de serviços superou os 134,8 bilhões de dólares. O Reino Unido é o sétimo maior parceiro comercial de mercadorias dos EUA, após a Coreia do Sul, de acordo com o Departamento do Censo dos EUA.

Um plenário inaugural deu início às negociações nesta terça-feira, a serem seguidas por várias reuniões virtuais entre 6 a 15 de maio.

(Reportagem adicional de Tom Polansek em Chicago)

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