Por Lucia Mutikani
WASHINGTON (Reuters) - Os gastos dos consumidores norte-americanos aumentaram menos do que o esperado em janeiro, uma perda de ímpeto que pode ser exacerbada pelo rápido crescimento do coronavírus, que provocou uma forte liquidação no mercado de ações e reavivou os temores de uma recessão.
O Departamento de Comércio dos EUA informou nesta sexta-feira que os gastos dos consumidores, que representam mais de dois terços da atividade econômica norte-americana, aumentaram 0,2% no mês, uma vez que o clima ameno atípico reduziu a demanda por aquecimento e as vendas em lojas de roupas.
Os dados de dezembro foram revisados para cima para mostrar que os gastos do consumidor subiram 0,4%, em vez do aumento de 0,3% relatado anteriormente. Economistas consultados pela Reuters previam que os gastos dos consumidores avançariam 0,3% em janeiro.
Os mercados monetários aumentaram suas apostas na perspectiva de mais cortes de juros pelo Federal Reserve. O banco central dos EUA cortou sua taxa três vezes no ano passado. O surto de coronavírus pode desafiar o desejo do Fed de manter a política monetária em modo de espera pelo menos até o final de 2020.
Com os gastos dos consumidores mornos, a inflação permaneceu benigna. Os preços ao consumidor, medidos pelo índice de gastos com consumo pessoal (PCE, na sigla em inglês), subiram 0,1% em janeiro. O índice foi retido por uma queda de 0,7% no custo de bens e serviços de energia, sobrepujando um ganho de 0,3% nos preços de alimentos.
O índice PCE subiu 0,3% em dezembro. Nos 12 meses encerrados em janeiro, acelerou 1,7%. Esse foi o maior ganho desde dezembro de 2018 e refletiu a saída das baixas leituras de 2019 do cálculo. O índice PCE avançou 1,5% em dezembro em relação ao ano anterior.
Excluindo alimentos e energia, componentes voláteis, o índice de preços subiu 0,1% em janeiro, após alta de 0,2% em dezembro. Isso elevou o aumento anual do núcleo da inflação para 1,6% em janeiro, ante 1,5% em dezembro.
O núcleo do PCE é a medida de inflação preferida do Fed. O índice ficou aquém da meta de 2% do banco central norte-americano todos os meses de 2019.
Quando ajustados pela inflação, os gastos do consumidor avançaram 0,1% em janeiro, após subirem à mesma taxa no mês anterior. Isso sugere que os gastos do consumidor tiveram um início lento no primeiro trimestre, depois de esfriarem consideravelmente nos últimos três meses de 2019.