WASHINGTON (Reuters) - Os gastos dos consumidores nos Estados Unidos caíram em dezembro, sugerindo que a economia perdeu velocidade no início de 2022 em meio a interrupções nas cadeias de suprimentos e surtos de infecções por Covid-19, enquanto a inflação anual subiu em um ritmo visto pela última vez somente nos anos 1980.
O Departamento do Comércio informou nesta sexta-feira que os gastos do consumidor, que respondem por mais de dois terços da atividade econômica dos EUA, caíram 0,6% no mês passado, após alta de 0,4% em novembro. Economistas consultados pela Reuters previam recuo de 0,6% nos gastos do consumidor.
Os dados foram incluídos no relatório preliminar do Produto Interno Bruto para o quarto trimestre, publicado na quinta-feira. A economia norte-americana cresceu a uma taxa anualizada de 6,9% no último trimestre, aceleração em relação ao ritmo de 2,3% no trimestre de julho a setembro.
Isso impulsionou o crescimento em 2021 para 5,7%, o mais forte desde 1984. Em 2020, a economia recuou 3,4%.
A queda nos gastos do consumidor foi provavelmente resultado de um início precoce da temporada de compras de fim de ano pelos norte-americanos, em outubro, por temores de encontrar prateleiras vazias nas lojas devido à escassez desenfreada de bens, incluindo veículos.
As crescentes infecções por coronavírus impulsionadas pela variante Ômicron também reduziram o movimento em lugares como bares e restaurantes, além de outros locais de alto contato.
A escassez causada pela sobrecarga nas cadeias de suprimentos manteve a inflação elevada no mês passado. O índice PCE avançou 0,4%, após alta de 0,6% em novembro. Nos 12 meses até dezembro, o índice subiu 5,8%, o maior avanço desde 1982 e sucedeu um aumento de 5,7% em novembro ante um ano antes.
Excluindo os componentes voláteis de alimentos e energia, o índice PCE subiu 0,5%, após ganho semelhante em novembro. O chamado núcleo do PCE acelerou 4,9% em dezembro em comparação com o mesmo período em 2020, o maior aumento desde 1983. O núcleo do índice teve alta de 4,7% nos 12 meses até novembro.
A inflação está muito acima da meta flexível de 2% do Federal Reserve. Na quarta-feira, o Fed disse que deve elevar os juros em março.
(Por Lucia Mutikani)