BRASÍLIA (Reuters) - O governo central (Tesouro Nacional, Banco Central e Previdência Social) registrou déficit primário de 19,798 bilhões de reais em junho, dado mais fraco para o mês na série histórica iniciada em 1997 e que continuou sinalizando que o governo terá grande dificuldade para cumprir a meta fiscal deste ano.
No primeiro semestre, informou o Tesouro nesta quarta-feira, o rombo somou 56,092 bilhões de reais, acumulando em 12 meses déficit de 182,8 bilhões de reais, muito acima da meta de saldo negativo de 139 bilhões de reais.
O resultado mensal veio um pouco pior que a projeção de analistas, de saldo negativo em 18,35 bilhões de reais, segundo pesquisa Reuters.
O mau desempenho veio dos gastos com Previdência e do vultoso pagamento de precatórios, numa estratégia para o governo economizar recursos. Nos anos anteriores, esse movimento ocorreu em peso em novembro e dezembro.
De modo geral, as despesas do governo central avançaram 10,6 por cento em junho sobre um ano antes, já descontada a inflação, a 106,482 bilhões de reais. Além do pagamento de sentenças judiciais e precatórios de 9,5 bilhões de reais, também pesaram o aumento de 5,6 por cento em benefícios previdenciários e de 8,8 por cento em despesas com pessoal e encargos sociais.
Em contrapartida, as receitas líquidas totais mostraram alta real de apenas 0,5 por cento no período, a 86,684 bilhões de reais, refletindo a recuperação ainda fraca da economia e seu efeito sobre a arrecadação.
Para garantir a meta fiscal, o governo do presidente Michel Temer elevou fortemente na semana passada a alíquota de PIS/Cofins sobre combustíveis e anunciou congelamento adicional no Orçamento de 5,9 bilhões de reais.
No mês passado, Tesouro e BC registraram déficit primário de 6,958 bilhões de reais, enquanto o saldo negativo da Previdência foi de 12,840 bilhões de reais.
(Por Marcela Ayres)