Com o bônus de concessão da Eletrobras (BVMF:ELET3) e um forte recolhimento de dividendos no mês, as contas do Governo Central registraram superávit primário em junho. No mês passado, a diferença entre as receitas e as despesas ficou positiva em R$ 14,433 bilhões. O resultado sucedeu o déficit de R$ 39,356 milhões em maio.
O saldo - que reúne as contas do Tesouro Nacional, Previdência Social e Banco Central - foi o melhor desempenho para o mês desde 2011, quando o superávit foi de R$ 20,240 bilhões, considerando valores corrigidos pela inflação. Já em valores nominais, o desempenho de junho foi o melhor da história para o mês. Em junho de 2021, o resultado havia sido negativo em R$ 73,474 bilhões.
O superávit do mês passado foi inclusive maior do que a mediana das expectativas do mercado financeiro, de saldo positivo de R$ 12,70 bilhões, de acordo com levantamento do Projeções Broadcast junto a 25 instituições financeiras. O dado de junho ficou dentro do intervalo das estimativas, que eram de déficit de R$ 54,90 bilhões a superávit de R$ 28,70 bilhões.
No acumulado do primeiro semestre, o Governo Central registrou superávit de R$ 53,614 bilhões, o melhor resultado desde 2013, considerando valores corrigidos pela inflação. Em termos nominais, foi o melhor resultado para o primeiro semestre desde 2011. Em igual período do ano passado, esse mesmo resultado era negativo em R$ 53,568 bilhões.
Em junho, as receitas tiveram alta real de 47,0% em relação a igual mês do ano passado. No acumulado do ano, houve alta de 16,3%. Já as despesas caíram 14,5% em junho, já descontada a inflação. No acumulado de 2022, a variação foi positiva em 1,2%.
12 meses
Em 12 meses até junho, o Governo Central apresenta um superávit de R$ 75,1 bilhões - equivalente a 0,93% do PIB. A meta fiscal para este ano admite um déficit de até R$ 170,5 bilhões nas contas do Governo Central, mas a equipe econômica espera fechar o ano com um rombo de R$ 59,354 bilhões, conforme projeção divulgada no último Relatório de Avaliação de Receitas e Despesas.
Acumulado
As despesas sujeitas ao teto de gastos subiram 16,4% no acumulado do ano até junho na comparação com o mesmo período de 2021, segundo o Tesouro Nacional.
Pela regra do teto, o limite de crescimento das despesas do governo é a variação acumulada da inflação no ano passado. Porém, como o governo não ocupou todo o limite previsto em anos anteriores, na prática há uma margem para expansão de até 15,2%, que deverá ser cumprida até o fim do ano.
As despesas do Poder Executivo variaram 17,0% no período (a margem nesse caso é de 15,1% em 2022). Além do Poder Executivo, o Conselho Nacional de Justiça também está desenquadrado na execução até junho.
Composição
As contas do Tesouro Nacional - incluindo o Banco Central - registraram um superávit primário de R$ 56,786 bilhões em junho, de acordo com dados divulgados pelo Tesouro. No ano, o superávit primário acumulado nas contas do Tesouro Nacional (com BC) é de R$ 222,701 bilhões.
Já o resultado do INSS foi deficitário em R$ 42,353 bilhões no mês passado. No primeiro semestre, o resultado foi negativo em R$ 169,088 bilhões. As contas apenas do Banco Central tiveram déficits de R$ 59 milhões em junho e de R$ 82 milhões no acumulado de 2022 até o mês passado.