Por Marcela Ayres
BRASÍLIA (Reuters) - O governo conta com a retomada do crédito, elevação das exportações e investimentos em concessões para a geração de empregos em 2016, disse o ministro do Trabalho e Previdência Social, Miguel Rossetto, nesta quinta-feira, após a divulgação de 1,5 milhão de postos de trabalho perdidos no ano passado, pior marca em mais de duas décadas.
Em coletiva de imprensa, ele reconheceu um ambiente internacional mais restritivo, mas citou uma série de fatores que podem inverter a trajetória de declínio da atividade econômica, e, com isso, dar impulso ao mercado de trabalho.
"As iniciativas de 2015 foram tomadas, a começar pelo ajuste do câmbio, que começa a ter efeitos positivos", afirmou.
"Expectativa de redução da inflação, investimentos a partir das concessões, todas essas iniciativas e retomada de crédito, que vem sendo pautada e trabalhada pelo ministro Nelson (Barbosa, da Fazenda) e pela equipe econômica, todos esses movimentos vão no sentido de alterar esse quadro e retomar a nossa atividade econômica. É isso que nos dá confiança para 16", acrescentou.
Segundo Rossetto, o governo trabalha para direcionamento de crédito especialmente para o capital de giro de pequenas e médias empresas, para desafogá-las. Ele também citou uma demanda forte em áreas como a construção civil e chamou a atenção para o aumento das exportações, diretamente beneficiadas pela alta do dólar em relação ao real.
"Ampliar os investimentos em áreas como construção civil tem resposta imediata e é isso que estamos fazendo. Portanto, achamos sim que há um espaço forte de expansão do crédito com expansão da demanda e geração de trabalho e emprego", afirmou.
A economia enfrentou forte recessão no ano passado, abrindo espaço para a perda líquida de 1,542 milhão de vagas formais de trabalho, pior resultado anual desde o início da série histórica em 1992. [nL2N1550ZO]
O ambiente de forte inflação e juros elevados foi também contaminado por intensa crise política e indefinições no fronte fiscal, que injetaram volatilidade no mercado e afetaram a confiança de empresários e famílias.
Para este ano, economistas seguem vendo novo tombo no Produto Interno Bruto (PIB), avaliando também que o ajuste das contas públicas deverá perder força diante dos sinais que o governo vem dando em relação à concessão de crédito.
Na véspera, o Banco Central optou por manter estável a taxa básica de juros em 14,25 por cento ao ano, em meio a pressões para que não mexesse na Selic, investida que suscitou críticas de interferência política, após a autoridade monetária ter sinalizado que faria o que fosse preciso para combater a alta de preços domésticos. [nL2N1542NY]
Comentando a decisão nesta quinta, Rossetto disse que o crescimento econômico é o objetivo essencial do governo.
"O Banco Central trabalha na sua autonomia, mas é uma sinalização de estabilidade dentro de um esforço nacional de recuperação da atividade econômica. O crescimento econômico é a meta fundamental e, portanto, esta posição de estabilidade sinaliza uma possibilidade positiva de respondermos à prioridade de crescimento econômico neste ano no país".