BRASÍLIA (Reuters) - A Secretaria de Política Econômica (SPE) do Ministério da Fazenda melhorou nesta segunda-feira a projeção oficial para o desempenho da atividade econômica neste ano, passando a prever um crescimento de 3,2%, contra previsão de 2,5% feita em julho.
A secretaria também apresentou projeção para o Produto Interno Bruto (PIB) em 2024, uma estimativa de alta de 2,3%, a mesma prevista em julho.
As previsões do governo para a atividade estão melhores do que as expectativas do mercado, que apontam para crescimento de 2,89% em 2023 e 1,50% em 2024, segundo o mais recente boletim Focus do Banco Central.
A melhora na projeção oficial vem na esteira de dois trimestres consecutivos de surpresas positivas no resultado do PIB brasileiro, com alta puxada pela agropecuária nos três primeiros meses do ano e pelo desempenho de serviços e indústria no segundo trimestre.
"Além da surpresa com o avanço do PIB no segundo trimestre, também contribuíram para elevar a estimativa de crescimento no ano o aumento na safra projetada para 2023, resultados positivos observados para alguns indicadores antecedentes no terceiro trimestre e expectativas de recuperação da economia chinesa no quarto trimestre", disse a SPE em nota.
Após uma alta de 0,9% no PIB do segundo trimestre em relação aos três meses anteriores, a SPE projeta uma elevação de 0,1% no terceiro trimestre, com crescimento de serviços e indústria, enquanto a agropecuária deve desacelerar.
O secretário de Política Econômica, Guilherme Mello, ressaltou ainda que, após esfriamento da atividade no terceiro trimestre, a pasta espera que o país registre uma aceleração no PIB do quarto trimestre.
"Estamos otimistas com o último trimestre do ano pelo conjunto de fatores que estamos observando no mercado de trabalho, no mercado de crédito e na inflação", afirmou.
INFLAÇÃO MAIOR EM 2024
Para a inflação medida pelo IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), a equipe econômica manteve sua estimativa em 4,85% em 2023. Para 2024, o patamar foi estimado em 3,40%, ligeiramente acima da previsão feita em julho, de 3,30%.
"O reajuste nos preços de combustíveis na refinaria e seus impactos na inflação vem sendo compensados pela evolução benigna observada para os preços de alimentação no domicílio e serviços subjacentes", disse a pasta, ressaltando que a revisão para 2024 "reflete ajustes marginais decorrentes de mudanças no cenário de câmbio e de preços de commodities".
A estimativa para este ano está próxima da projeção mediana do mercado, que aponta para uma inflação de 4,86%, segundo o Focus mais recente. Para 2024, o número do governo ainda está mais otimista que o do mercado, de 3,86%. A meta é de 3,25% para este ano e 3% para 2024, com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual nos dois casos.
Com o cenário mais benéfico para a inflação no período recente, o Banco Central iniciou em agosto um ciclo de afrouxamento monetário, cortando a taxa básica de juros em 0,50 ponto percentual e indicando que manterá o ritmo de cortes nas reuniões seguintes. O próximo encontro do Comitê de Política Monetária (Copom) acontece nesta semana.
(Por Bernardo Caram)