(Reuters) - A credibilidade do Banco Central é construída com persistência, não por meio de choques, disse nesta quinta-feira o diretor de Política Econômica da autarquia, Diogo Guillen.
Em evento promovido pelo JP Morgan, em Washington, Guillen foi questionado sobre a necessidade de o BC ser mais agressivo na política monetária e respondeu ser cético sobre o efeito de choques de credibilidade.
"Você olha para trás para duas reuniões (do Copom), havia menos de 10% das pessoas pensando que faríamos uma elevação nos juros, e começamos nosso processo de subida, demos o que é nossa estratégia, projeções e assim por diante. Então, acho que é uma construção de credibilidade, mas não vejo isso como um choque, vejo isso como uma coisa persistente", disse.
"Sou um pouco mais cético sobre choques de credibilidade, como se houvesse uma fruta fácil de alcançar ou uma maneira fácil de obter credibilidade, acho que é fazendo o que tem que ser feito persistentemente."
Ele acrescentou que o papel da política monetária não diminuiu, defendendo a importância de pensar as políticas de juros e fiscal de maneira conjunta.
Na apresentação, o diretor voltou a afirmar que o BC está dependente de dados para tomar decisões de política monetária à frente, após a autoridade monetária elevar a Selic a 10,75% ao ano em setembro, sem dar indicação sobre seus próximos passos.
"Se o cenário mudar, vamos avaliar cada condicionalidade que temos para pensar no passo e na magnitude do ciclo", disse, citando projeções de inflação, ociosidade da economia e balanço de riscos para os preços à frente.
Ele ainda avaliou que nada mudará na forma de atuação da autoridade monetária após a troca de comando da autarquia no início de 2025.
(Por Bernardo Caram)