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Guiné Equatorial realizou legislativas entre denúncias da oposição

Publicado 12.11.2017, 21:59
Atualizado 12.11.2017, 22:01
Guiné Equatorial realizou legislativas entre denúncias da oposição
EQTL3
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Nairóbi, 12 nov (EFE).- A Guiné Equatorial (SA:EQTL3) realizou neste domingo eleições legislativas e municipais entre as denúncias de graves irregularidades na votação formuladas pela oposição e a certeza de que o partido governante PDGE vai revalidar sua vitória.

Os primeiros resultados provisórios divulgados pela Junta Eleitoral Nacional, com pouco mais de 26% dos votos apurados, mostram uma vitória arrasadora do PDGE com 98,1% dos votos, em um dia de votação que registrou uma participação de 93,9%.

Enquanto isso, o Governo e a imprensa oficial do país tentaram projetar uma imagem de normalidade e tranquilidade democrática como caraterística deste dia.

Enquanto o porta-voz da Junta Executiva Nacional do governante Partido Democrático de Guiné Equatorial (PDGE), Agustin Nze Nfumu, assegurou à Agência Efe que o pleito transcorreu "com total normalidade", os líderes das duas legendas opositoras que concorrem às eleições opinavam ao contrário.

Tanto Andrés Esono, da coalizão Juntos Podemos, como Gabriel Nsé Obiang Obono, do Cidadãos pela Inovação (CI), denunciaram situações como ausência de cédulas dos seus partidos nas mesas ou colégios eleitorais que abriram de madrugada e fecharam antes da hora estabelecida para sua abertura a fim de impedir o voto opositor.

Esono e Nsé Obiang concordaram em denunciar detenções e agressões contra seus fiscais, muitos deles expulsos dos colégios, e intimidação para que os cidadãos votassem em público por parte de militantes do PDGE, que se somam a um corte no acesso à internet e uma presença militar muito maior do que nas eleições anteriores.

"Em outras eleições houve fraude, mas nunca tinha sido visto algo assim na Guiné Equatorial. O que está sendo feito agora é um escândalo", lamentou Nsé Obiang, asseverando que "há gente do PDGE se fazendo passar por nós".

Segundo os resultados provisórios, o CI teria obtido 1,4% dos votos e o Juntos Podemos, 0,5%.

Ambos os líderes opositores anunciaram que não reconhecerão os resultados definitivos se for mantida esta mesma linha e que recorrerão à Justiça, pelo que Nsé Obiang propôs a possibilidade de negociar a interposição de um recurso conjunto.

A estas acusações no dia eleitoral se somam as feitas nos últimos dias de irregularidades na campanha e as reivindicações sobre a ausência de direitos básicos como o de associação ou o de livre expressão, também repercutidas pelas organizações internacionais como Anistia Internacional (AI) e Human Rights Watch (HRW).

Enquanto isso, para o Governo o que aconteceu neste domingo na Guiné Equatorial foi uma demonstração de "um grande espírito de civismo, graças a uma participação em massa", segundo disse à televisão nacional "TVGE" o ministro de Interior e presidente da Junta Eleitoral Nacional (JEN), Clemente Engonga Nguema Onguene.

Na mesma entrevista, Clemente revelou que não tinha informações de "incidência alguma" durante o dia, e garantiu que recebeu parabéns dos observadores internacionais que supervisionam o processo: "Até as altas delegações de observadores manifestaram que vieram aprender com a Guiné Equatorial".

Perguntado sobre a ausência de mais missões além de União Africana (UA) e Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP), Clemente disse que observadores de outros países "vêm fazer julgamentos de valor e nos ensinar".

O presidente do país, Teodoro Obiang Nguema Mbasogo (no poder desde 1979), considerou que os cidadãos estão "cultivando" o que ele denomina "ensaio democrático", embora tenha lamentado que alguns deles fomentem a violência, apontando diretamente para os militantes do CI, aos quais acusou de protagonizar incidentes violentos durante a campanha.

"Querem ter acesso ao poder por meio da violência", criticou Obiang, afirmando que "as instituições e o povo têm que penalizar" àqueles que estão "praticando a violência e a falta de respeito à lei, à ordem e à estabilidade do país".

O líder da legenda opositora se defendeu desta acusação e assegurou que são apontados sem provas, acrescentando: "Vão buscar todas as formas para ilegalizar o partido. O plano de Obiang é me eliminar fisicamente e dissolver o CI".

De sua parte, o filho do presidente Obiang e vice-presidente do país, Teodoro Obiang Nguema Mangue, ao que muitos apontam como próximo governante da Guiné Equatorial, se mostrou confiante após votar: "A vitória é nossa, não tenho nenhuma dúvida de que vamos ganhar".

"O povo é realista e vê como o Governo do PDGE está trabalhando. Não posso prever outra coisa a não ser a grande vitória que vamos obter", reiterou o vice-presidente.

A grande vitória à que se refere Teodoro Obiang seria uma reedição da conseguida nas legislativas de 2013, graças às quais o PDGE ficou com 99 das 100 cadeiras da Câmara de Deputados do Povo e 74 das 75 na Câmara Alta (Senado).

Apesar de ainda não haver dados de participação, fontes da oposição asseguram que "a afluência de votantes foi menor que em eleições anteriores", segundo o portal da Associação para a Solidariedade Democrática com a Guiné Equatorial (Asodegue), de filiação opositora e com sede na Espanha.

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