(Reuters) - O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse nesta segunda-feira que o Banco Central tem "muita gordura monetária para queimar", reiterando também preocupação com desempenho abaixo do esperado da arrecadação por conta de "meteoros" do passado.
Durante evento do BTG Pactual (BVMF:BPAC11), Haddad afirmou que a arrecadação federal não deve aumentar "nem 1%" neste ano, apesar de apontar que o Produto Interno Bruto (PIB) do país deve crescer 3% ao fim de 2023.
O ministro voltou a pedir apoio dos três Poderes para mitigar a forte redução da base de cálculo de impostos federais a partir de benefícios concedidos por governos estaduais, defendendo também a continuidade da redução dos juros básicos pelo BC.
"Estamos em um momento em que temos condição de fazer a economia crescer porque ainda temos muita gordura monetária para queimar, estamos com uma taxa ainda de 12,25% ao ano, depois de um ano de trabalho, caiu 1,5 ponto. Temos espaço para continuar trabalhando com juros civilizados no Brasil desde que haja compromisso dos três Poderes", disse.
O Banco Central voltou a baixar a taxa básica de juros em 0,50 ponto percentual na semana passada, a 12,25% ao ano, defendendo que as metas fiscais estabelecidas pelo governo sejam perseguidas, em comunicado que intensificou o alerta sobre uma piora no ambiente internacional.
Na apresentação, o ministro disse que os "meteoros" que atingiram a arrecadação, relacionados aos incentivos tributários estaduais, se originaram em decisões do Congresso e do Judiciário de 2017 e não haviam sido percebidos em governos anteriores.
Segundo Haddad, a erosão de tributos federais relacionada a esses temas deve chegar a 65 bilhões de reais neste ano e impacta o arcabouço fiscal. Para solucionar o problema, o ministro voltou a defender que o Legislativo aprove medida provisória que limita esses incentivos federais a investimentos feitos pelas empresas, e não a gastos de custeio.
(Por Bernardo Caram, reportagem adicional de Fernando Cardoso)