Por Camila Moreira
SÃO PAULO (Reuters) - A economia do Brasil voltou a contrair em julho, mas ainda assim registrou um resultado melhor do que o esperado, depois de ter mostrado resiliência no primeiro semestre, apontou o Banco Central nesta sexta-feira.
O Índice de Atividade Econômica do BC (IBC-Br), considerado um sinalizador do Produto Interno Bruto (PIB), recuou 0,4% em julho na comparação com o mês anterior, em dado dessazonalizado.
O resultado marcou uma forte perda de força em relação ao avanço de 1,4% de junho, mas ainda assim foi melhor do que a expectativa em pesquisa da Reuters de queda de 0,9%, dando continuidade às leituras recentes acima das expectativas.
Os dados do BC mostram ainda que, na comparação com o mesmo mês do ano anterior, o IBC-Br teve alta de 5,3% em julho, enquanto no acumulado em 12 meses passou a um avanço de 2,0%, de acordo com números observados.
O PIB do Brasil começou o ano retornando ao crescimento no primeiro trimestre e superou as expectativas nos três meses seguintes, de acordo com os dados do IBGE. No segundo trimestre, o PIB cresceu 1,4% mesmo diante dos impactos das fortes chuvas que assolaram o Rio Grande do Sul no final de abril e em maio, afetando safras agrícolas, indústrias e a logística.
Esse resultado levou a uma série de revisões para cima nas projeções anuais, alimentando as apostas de que o Banco Central iniciará um ciclo de aperto monetário para conter as pressões inflacionárias quando se reunir para deliberar sobre a taxa de juros na próxima semana. A atividade vem sendo sustentada principalmente pela força do mercado de trabalho, que alimenta a demanda.
Em julho, tanto as vendas no varejo quanto o setor de serviços apresentaram bom desempenho, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. As vendas varejistas voltaram a crescer, a uma taxa de 0,6%, enquanto o volume de serviços surpreendeu com ganho de 1,2% sobre junho.
No entanto, a produção industrial foi destaque negativo ao recuar 1,4% sobre junho, também de acordo com o IBGE, uma queda maior do que a esperada.
"Os dados antecedentes sugerem um menor ímpeto em agosto, mas o PIB continua bem postado para um crescimento robusto neste trimestre, em que projetamos expansão de 0,6%", disse Nicolas Borsoi, economista-chefe da Nova Futura Investimentos, calculando expansão do PIB de 3,0% em 2024.
Os dados de julho serão avaliados pelo Banco Central na reunião de política monetária da próxima semana, quando irá decidir sobre a taxa básica de juros Selic, atualmente em 10,5%.
Ainda nesta sexta a Secretaria de Política Econômica do Ministério da Fazenda atualiza suas projeções para PIB e inflação com divulgação do Boletim Macrofiscal de setembro.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, já disse que o governo revisaria a projeção oficial para o crescimento do PIB de 2024 para pelo menos 3%.
Pesquisa Focus realizada pelo Banco Central mostra que a expectativa para a expansão do PIB este ano é de 2,68%, indo a 1,90% em 2025.
O IBC-Br é construído com base em proxies representativas dos índices de volume da produção da agropecuária, da indústria e do setor de serviços, além do índice de volume dos impostos sobre a produção.