Às voltas com problemas de oferta e de demanda, a maioria dos parques industriais regionais amargou perdas na passagem de agosto para setembro. A produção recuou em nove dos 15 locais que integram a Pesquisa Industrial Mensal - Produção Física Regional, apurada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Como consequência, apenas quatro permanecem operando em patamar acima do alcançado em fevereiro de 2020, antes do agravamento da pandemia de covid-19 no País.
"Fatores como o desabastecimento de insumos, um aumento do custo de produção e de matérias-primas e também a inflação acelerada, com uma taxa de desemprego em patamar alto, prejudicando o consumo das famílias, impactam diretamente a cadeia produtiva da indústria nacional", justificou Bernardo Almeida, gerente da pesquisa do IBGE.
Em São Paulo, maior parque industrial do País, houve uma queda de 1,0% na produção em setembro ante agosto. A indústria paulista chegou a setembro operando em nível 1,4% aquém do pré-crise sanitária.
Na média do País, a produção encolheu 0,4% na passagem de agosto para setembro, para patamar 3,2% inferior ao pré-covid.
"A indústria de São Paulo se destaca como principal influência negativa", afirmou Almeida, ressaltando que houve perdas especialmente na fabricação de alimentos na região.
Os quatro estados com desempenho superior ao pré-crise sanitária foram Minas Gerais (10,2% acima do nível de fevereiro de 2020), Santa Catarina (5,2% acima), Rio de Janeiro (1,7% acima) e Paraná (1,6% acima).
"A indústria brasileira vem encontrando dificuldades para crescer em 2021, com trajetórias adversas marcando a maioria de seus parques regionais. Porém, em algumas localidades os sinais de dinamismo são ainda mais escassos. É o caso do Nordeste, cuja produção industrial segue muito abaixo do pré-pandemia (-17,9%). A região foi muito prejudicada pela suspensão do auxílio emergencial no início deste ano e segue com um desemprego mais elevado que o restante do país", apontou o Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), em nota.
Segundo o presidente do Conselho Empresarial de Economia da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan), Rodrigo Santiago, o cenário atual inspira cautela no empresariado. O Índice de Confiança do Empresário Industrial Fluminense (Icei-RJ) recuou de 54,6 pontos em setembro para 54,1 pontos em outubro, numa escala de zero a 100, em que valores acima de 50 pontos representam otimismo, divulgou nesta quarta-feira, 10, a Firjan. O resultado, ainda na zona favorável, é fruto de expectativas melhores para o futuro: enquanto o componente referente às condições atuais ficou em 46,1 pontos em outubro, o indicador de expectativas registrou 58,1 pontos.
"Ainda existe dificuldade na compra de matéria-prima, custo elevado do frete e incertezas relacionadas ao fornecimento de energia, por exemplo. Precisamos também estar atentos à proximidade das eleições de 2022 e todas as turbulências que isso pode causar em um cenário onde as cadeias de valor estão longe das condições normais de temperatura e pressão", avaliou Santiago, em nota divulgada à imprensa.