Investing.com – Os participantes do mercado aguardam a publicação do último relatório de empregos de 2016 nesta sexta-feira, o que não deve afetar os mercados, já que a situação de pleno emprego já é prevista e o foco mudou para as ações econômicas do presidente eleito Donald Trump e seus efeitos na política monetária do Federal Reserve (Fed).
O Ministério do Trabalho americano divulgará seu relatório de empregos não agrícolas de dezembro às 11h30, no horário de Brasília.
A estimativa geral é de que o relatório mostre a geração de 175.000 novos empregos, após a contagem de 178.000 novos postos em novembro. A pequena redução do número está em conformidade com o histórico recente, já que o crescimento dos empregos em dezembro tem sido menor do que em novembro há três anos, e o fato se repetiu em sete dos últimos dez anos.
De acordo com as expectativas, a taxa de desemprego deve aumentar para 4,7%, ante 4,6% em novembro, mas é bom lembrar que os números de novembro apresentaram uma queda inesperada após uma taxa de 4,9% em outubro, o que levou alguns especialistas a concluírem que pode ter ocorrido uma anomalia estatística.
Apesar de a divulgação dos dados mencionados ser sempre um evento importante, as recentes ponderações de representantes do Fed de que o mercado de trabalho já atingiu ou, pelo menos, está muito próximo de atingir a meta do pleno emprego devem diminuir a importância dos dados, a não ser em caso de discrepância considerável.
"Eu diria que o mercado de trabalho se parece muito com o de antes da recessão", afirmou a presidente do Fed, Janet Yellen, em uma entrevista coletiva no dia 14 de dezembro.
Com isso em mente, a inflação salarial pode acabar sendo o dado mais importante do relatório de dezembro. Espera-se que os rendimentos médios por hora aumentem 0,3%, após caírem 0,1% no mês anterior.
Isto fez com que a taxa anual recuasse para 2,5% em novembro, após a máxima de 2,8% em outubro. Estes números são considerados fator-chave para o Fed, já que maiores salários costumam ter relação com uma tendência de pressão inflacionária, aumentando a probabilidade de o banco central precisar endurecer a política monetária para manter os preços sob controle.
Inesperadamente, as atas da última reunião do Fed destacaram que "muitos participantes avaliaram que o risco de a estimativa estar muito aquém da taxa de desemprego normal no longo prazo aumentou e que o comitê pode precisar elevar os fundos federais mais rapidamente".
Em outras palavras, dados "positivos demais" podem desequilibrar os mercados, já que forçam o Fed a considerar a necessidade de acelerar o ritmo de aperto da política para que as taxas de desemprego voltem a níveis mais altos, que são mais saudáveis para a economia a longo prazo.
De qualquer forma, é muito provável que o relatório de dezembro, que fecha 2016, quase não altere o panorama geral do mercado para o futuro da política monetária, principalmente em um contexto em que o mercado de trabalho está muito próximo de atingir, ou já atingiu, o pleno emprego.
Muito mais relevante deve ser a posse de Trump no dia 20 de janeiro e as políticas fiscais a serem implementadas pelo seu governo.
A velocidade de implementação das políticas e seus efeitos finais no quadro geral econômico são o que o Fed levará em consideração na hora de tomar decisões de política.
Nas atas, os membros do Fed enfatizaram o "considerável nível de incerteza" que paira sobre as futuras mudanças na política fiscal.
Elas também revelaram que quase metade dos decisores demonstraram expectativas de que o presidente eleito implementasse políticas fiscais expansionistas quando determinaram a possibilidade de três aumentos dos juros em 2017.
Em outras palavras, a outra metade do comitê está esperando para ver a consequência dessas políticas, que servirá de guia para o momento de novos aumentos das taxas de juros.
No momento, o mercado continua cético, acreditando em apenas 36,2% de chance de um terceiro aumento dos juros acontecer neste ano, de acordo com o Monitor das taxas de juros do Fed da Investing.com.