BRASÍLIA (Reuters) - A inadimplência no Brasil teve novo avanço em março no segmento de recursos livres, a 5,6 por cento, mais uma vez renovando o recorde da série histórica do Banco Central iniciada em 2011, em meio à deterioração da economia e aumento do desemprego.
Em fevereiro, a taxa havia ficado em 5,5 por cento, informou o BC nesta quinta-feira. Recentemente, a autoridade monetária havia informado que os aumento dos calotes neste ano traria consequências para o balanço dos bancos, com aumento das provisões e achatamento de margens, cenário que deverá afetar especialmente as instituições públicas.
Pressionados pela inflação e desemprego elevados, parte dos consumidores têm enfrentado dificuldades para honrar suas dívidas, cujos juros também têm ficado mais altos.
O BC informou ainda que no segmento de recursos livres, em que os empréstimos têm taxas definidas livremente pelas instituições financeiras, os juros médios cresceram a 50,9 por cento ao ano, patamar mais alto da série, contra 50,6 por cento por cento em fevereiro.
Já o spread bancário --diferença entre o custo de captação e a taxa cobrada pelos bancos ao consumidor final-- subiu a 37,3 pontos percentuais em março, sobre 35,8 pontos no mês anterior.
O estoque total de crédito no país teve retração de 0,7 por cento em março sobre fevereiro, a 3,161 trilhões de reais, ou 53,1 por cento do Produto Interno Bruto (PIB). No acumulado do primeiro trimestre, houve queda de 1,8 por cento.
No mês passado, o BC piorou sua estimativa para o desempenho do mercado de crédito este ano, passando a ver expansão de 5 por cento do estoque em 2016, contra percentual de 7 por cento anteriormente.
Se confirmado, este será o pior desempenho registrado pelo país em 12 meses desde o início da série histórica do BC, em março de 2007.
Na noite passada, o BC também manteve a taxa básica de juros em 14,25 por cento ao ano.
(Por Marcela Ayres)