As incertezas internacionais dominam as reuniões entre diretores do BC (Banco Central) e economistas. A autoridade monetária promoveu nesta sexta-feira 4 encontros com grupos diferentes de analistas do mercado financeiro.
O BC convidou 49 economistas. Os diretores de Política Econômica, Diogo Abry Guillen, e de Assuntos Internacionais e de Gestão de Riscos Corporativos, Paulo Picchetti, fizeram uma apresentação com o resumo das reuniões no ano. Posteriormente, abrem para que os participantes façam as suas colocações.
Não há discussão entre os economistas e os diretores, somente entre os convidados. O Poder360 apurou com participantes que houve preocupação com o cenário de política monetária no exterior, em especial nos Estados Unidos, e seu impacto no Brasil.
Um dos assuntos tratados foi o patamar do câmbio. O dólar comercial atingiu R$ 5,15 nesta 6ª feira (12.abr.2024). Analistas defendem que esse será o patamar aproximado a partir de agora, com possibilidade de piora.
Parte dos analistas passaram a prever a taxa básica, a Selic, para 9,50% ou 9,75% ao ano no fim de 2024. Antes, apostavam em 9%. As projeções para o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), que estão atualmente em 3,75%, poderiam ser maiores, se não fossem a MP (medida provisória) que reduz o custo da energia elétrica.
Outro ponto de atenção entre os economistas foi a situação fiscal do país. A leitura de parte dos analistas é de que 2024 não será um problema, mas que o marco fiscal poderá não ficar “de pé” nos anos posteriores.
Na avaliação de analistas, a lei fiscal só é viável com o aumento contínuo de arrecadação, sem projeções de cortes de gastos. Preocupa também os mínimos de saúde e educação, que têm que ser corrigidos por 100% da receita líquida do governo no ano anterior, enquanto as demais despesas crescem a 70% da receita.
Há um consenso de que o fiscal seguirá sendo expansionista, o que impactará a atividade econômica e a inflação.
Do ponto de vista da atividade econômica, há um consenso em torno de um PIB (Produto Interno Bruto) mais forte e uma economia mais aquecida. Deverá ficar em torno de 2% em 2024.
Os analistas avaliam que o BC tem uma postura acertada de retirar a sinalização de 2 cortes na taxa Selic diante das incertezas atuais no fiscal e política monetária nos EUA.