Investimentos na economia caíram pelo segundo mês consecutivo, fechando agosto em menos 2,8% Arquivo/Agência Brasil
Os investimentos na economia brasileira - medidos pela Formação Bruta de Capital Fixo (FBPC) - caíram pelo segundo mês consecutivo, fechando agosto em menos 2,8%, na comparação com julho, na série livre de influências sazonais.
A constatação é do Indicador Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) de Formação Bruta de Capital Fixo, divulgado hoje (5). Para o Ipea, a segunda queda consecutiva dos investimentos se deu após crescimento expressivo verificado em junho, quando o indicador cresceu “expressivos” 8,2%.
O indicador mede o quanto as empresas aumentaram os seus bens de capital (basicamente máquinas, equipamentos e material de construção) utilizados para a produção de outros bens.
Ao analisar para a Agência Brasil as duas quedas consecutivas no indicador, o coordenador do Grupo de Conjuntura do Ipea, José Ronaldo Castro Junior, considerou normal a queda, principalmente, levando em conta a expansão expressiva de 8,2% em junho.
“O Investidor em formação bruta de capital fixo é muito volátil e é normal no mundo todo este sobe e desce que está diretamente ligado à confiança na economia. Há aí todo um clima de expectativa em torno das medidas que serão tomadas e temos sempre que lembrar que os indicadores ainda apontam para uma retração da economia, portanto, para uma queda do PIB [Produto Interno Bruno – a soma de todas as riquezas produzidas no país] no fechamento do ano”.
Para o economista do Ipea, o país sofreu e ainda vem sofrendo muito com a crise econômica e as projeções que indicam a continuidade da queda do PIB [para o fechamento do ano], “e como as projeções ainda são de continuidade da queda do PIB para os próximos meses, a recuperação [da economia] é lenta e gradual”.
Trimestre de queda
Mesmo com o crescimento expressivo de junho (8,2%), o Indicador de Formação Bruta de Capital Fixo do Ipea ainda apresenta números negativos neste último trimestre encerrado em agosto, com a retração dos investimentos chegando a 0,4% na comparação com a média do trimestre anterior (março, abril e maio).
Para o Ipea, a queda do indicador em agosto foi resultado do mau desempenho de dois componentes desse índice. O que pode ser constatado pelo fato de que, embora a produção doméstica de bens de capital, medida na Pesquisa Industrial Mensal (PIM-PF), do IBGE, tenha avançado 0,4% em agosto, o consumo aparente de máquinas e equipamentos (Came) apresentou recuo de 2,5%.
“O consumo aparente de maquinas e equipamentos corresponde à produção industrial doméstica acrescida das importações e diminuída das exportações; pelo lado do comércio exterior, as exportações caíram 0,7%, mas foi o volume de importações de bens de capital que foi o grande destaque negativo do resultado de agosto, ao registrar forte queda de 14,6%”.
Os dados do Ipea indicam, ainda, que o indicador da construção civil caiu 3,8% em agosto, frente ao mês anterior, o que acontece pelo terceiro mês consecutivo, ainda na comparação com ajuste sazonal. No ano, essa atividade chega a acumular perda de 5,1%.
Crescimento ainda é pequeno
Na avaliação do economista do Ipea, embora a tendência para este ano seja de que o Indicador de Formação Bruta de Capital Fixo feche positivo (e o acumulado até agosto é de mais 1,4%), o crescimento ainda é pequeno e os investimentos estão em um volume muito baixo, até porque a base de comparação é muito baixa.
“No acumulado do ano passado os investimentos fecharam em queda de 14% frente aos 12 meses imediatamente anteriores, então, os investimentos ainda estão em um nível muito baixo, uma vez que a queda foi muito grande”, disse.
“O problema é que o mercado está aguardando maior clareza quanto aos rumos que serão tomados pelo governo. Quando houver uma sinalização maior, mais clara, indicando no sentido do ajuste fiscal e do equilíbrio das contas públicas, os investimentos voltarão”, acredita.
Castro Junior lembra que há investimentos represados na expectativa dos rumos que o governo vai tomar, principalmente em infraestrutura. “Há investidores externos querendo botar dinheiro no Brasil, mas eles querem uma sinalização mais clara do governo de que o ajuste fiscal veio para ficar”, disse.