CIDADE DO VATICANO (Reuters) - O papa Francisco condenou nesta quarta-feira administradores públicos e criminosos de Roma que supostamente desviaram dinheiro público destinado originalmente para ajudar imigrantes pobres, dizendo que a cidade eterna precisa de uma "renovação moral e espiritual".
Francisco, que tem feito da defesa dos mais pobres a marca do seu pontificado, defendeu com veemência os direitos dos mais necessitados em seu sermão de véspera de Ano-Novo para milhares de pessoas na Basílica de São Pedro no Vaticano.
Ele denunciou situações nas quais os pobres se viram forçados a se sentir como criminosos e "forçados a agir como mafiosos" para se defender.
No começo do mês, a polícia prendeu 37 suspeitos de fazer parte de uma organização mafiosa que desviava fundos de contratos públicos para pessoas próximas do suposto chefe da quadrilha, um extremista de direita com relações antigas com o submundo de Roma.
A mídia italiana apelidou a investigação, que ainda está em andamento, de "Máfia da Capital".
Alguns contratos estavam relacionados à gestão de centros e acampamentos para imigrantes em bairros pobres afastados da cidade de Roma. Investigadores disseram que o dinheiro foi embolsado por políticos corruptos e seus comparsas do mundo do crime, em vez de ser utilizado para melhorar as condições dos imigrantes.
O papa também é bispo de Roma, que é tanto a capital da Itália como o centro da cristandade. Chamando-a de "nossa cidade", Francisco afirmou: "Nós temos que defender os pobres, e não nos defender dos pobres. Nós temos que servir aos pobres, e não usá-los."
No atual escândalo, documentos da promotoria incluem transcrições de ligações grampeadas que mostram que aqueles que ganharam os contratos também lucraram a partir de outros problemas sociais.
"Vocês já se deram conta do quanto nós podemos ganhar a partir dos imigrantes?", um dos presos disse em uma das ligações, se referindo aos subsídios destinados aos fornecedores dos acampamentos temporários de imigrantes. "O tráfico de drogas traz menos (dinheiro)".
Após as detenções, o prefeito de Roma, Ignazio Marino, pediu a revisão dos contratos municipais e o primeiro-ministro italiano, Matteo Renzi, propôs leis nacionais mais duras contra a corrupção.