Por Camila Moreira
SÃO PAULO, 1º (Reuters) - A indústria brasileira contraiu em julho pela primeira vez em um ano, com corte de vagas no setor e a confiança na mínima em quase dois anos, mostrou nesta quinta-feira a pesquisa Índice de Gerentes de Compras (PMI, na sigla em inglês).
O PMI da indústria do Brasil compilado pelo IHS Markit caiu a 49,9 em julho, de 51,0 no mês anterior, voltando a ficar abaixo da marca de 50,0 (que separa crescimento de contração) pela primeira vez desde junho de 2018.
O mês foi marcado pela redução da produção, encerrando uma sequência de 12 meses de expansão, em meio a relatos de demanda fraca, incerteza econômica e questões políticas.
Por outro lado, a entrada de novos negócios aumentou pelo segundo mês seguido, devido principalmente aos ganhos nos mercados domésticos, uma vez que as exportações caíram pelo oitavo mês seguido. Segundo os entrevistados, a demanda de mercados emergentes enfraqueceu, com destaque para Argentina e Paraguai.
"Embora as fábricas tenham registrado crescimento das vendas em julho, o aumento permaneceu fraco e não foi suficiente para impulsionar a produção, compras de insumos e empregos", avaliou a economista do IHS Markit, Pollyanna De Lima.
"Isso sugere que as empresas têm dúvidas sobre uma recuperação sustentada da demanda e preveem mais desafios à frente."
Com problemas de fluxo de caixa, terceirização, pedidos de demissão e demanda fraca, os empresários da indústria cortaram vagas de emprego pelo terceiro mês em julho, no ritmo mais pronunciado desde meados de 2017.
Os preços de insumos continuaram a aumentar, em um movimento atribuído pelos participantes da pesquisa à fraqueza da taxa de câmbio. Ainda assim, a taxa de inflação chegou a uma mínima de seis meses em julho, favorecida pelos preços do diesel e pelo excesso de oferta de alguns itens.
Já os preços cobrados subiram no ritmo mais fraco em 22 meses. Enquanto algumas empresas aumentaram suas cobranças para proteger as margens, outras as reduziram em meio à competição e a iniciativas de aumentos de vendas.
A confiança empresarial, abalada pela carga de impostos, desemprego elevado e condições econômicas desafiadoras, foi em julho à mínima de 21 meses. Entretanto, ainda assim algumas empresas mostraram confiança de que as reformas e a recuperação econômica podem levar ao crescimento da produção ao longo do próximo ano.