SÃO PAULO (Reuters) - O crescimento da indústria brasileira desacelerou em julho diante do menor volume de produção e de novos negócios, segundo a pesquisa Índice Gerente de Compras (PMI, na sigla em inglês) divulgada nesta terça-fera, para o nível mais fraco desde março.
NO mês passado, o PMI do setor apurado pelo IHS Markit foi de 50, nível indicativo de ausência de mudanças no setor e que separa contração de expansão. Em junho, o indicador havia sido de 50,5 na leitura.
O volume de produção avançou pelo quinto mês consecutivo por causa da entrada de novos trabalhos em julho, segundo o PMI, mas a taxa de crescimento foi a mais fraca desde abril.
No período, o volume de novos pedidos --maior subcomponente do PMI-- também desacelerou e igualou-se ao ponto mais lento na atual sequência de cinco messes de crescimento. A pesquisa apurou queda apenas em bens de consumo e aumento no volume de bens intermediários e de investimentos.
"A principal mensagem da última pesquisa do PMI é que o setor industrial no Brasil ainda está enfrentando obstáculos", afirmou a economista-sênior do IHS Markit, Pollyanna De Lima, em nota.
Apesar de o volume de novos pedidos ter mostrado fraqueza, houve avanço nos pedidos de exportação, para o ritmo mais rápido desde abril de 2016, com destaque para a categoria de bens de capital.
"Uma área de força foi o desempenho das empresas brasileiras nos mercados internacionais, com os dados de julho indicando a maior recuperação da demanda externa desde abril de 2016", afirmou Pollyanna.
O PMI também apurou que a quantidade de trabalhadores no setor continuou recuando em julho diante da necessidade dos empresários em reduzir custos. Ao todo, a indústria brasileira já soma 29 meses de corte de funcionários.
O levantamento de julho ainda capturou queda nos preços cobrados pelos fabricantes brasileiros, interrompendo sequência de 36 meses de aumento nos preços de venda. A queda da taxa foi a mais intensa desde o fim de 2009.
Também no mês passado, a confiança da indústria brasileira avançou diante da melhora das percepções dos empresários tanto da situação atual como das expectativas para o setor, segundo a Fundação Getulio Vargas (FGV).
O movimento, no entanto, devolveu apenas parte da queda registrada em junho, em meio à intensa crise política que envolve o governo do presidente Michel Temer.
(Por Luiz Guilherme Gerbelli)