Bruxelas, 2 ago (EFE).- A crise da dívida não dá trégua à Europa e os mercados se alimentaram nesta terça-feira especialmente da situação da Espanha e Itália, cujos prêmios de risco alcançaram novos picos recordes, acendendo todos os alarmes na zona do euro, apesar das tentativas da Comissão Europeia de desarticulá-los.
Apesar dos esforços, nem o segundo plano de resgate à Grécia - fechado há quase duas semanas pelos chefes de Estado e do Governo da zona do euro e o acordo alcançado nos Estados Unidos para elevar o teto da dívida, evitando assim a moratória da primeira potência econômica, conseguiram evitar o assédio dos mercados a esses dois países. Os Governos de Espanha e Itália adotaram também nesta terça-feira medidas para atenuar a situação.
As dúvidas sobre a solvência de Espanha e Itália alcançaram nesta terça-feira novos ápices e levaram o prêmio de risco espanhol - a diferença entre o bônus espanhol para dez anos e o alemão de mesmo prazo - a atingir os 403 pontos básicos, de modo que o rendimento necessário para o título espanhol ser viável aos investidores na comparação com o germânico subia para 6,440%.
O prêmio de risco da Itália bateu novo recorde ao chegar aos 384 pontos, com a rentabilidade acima de 6%, enquanto nos demais países periféricos da zona do euro eram registrados, igualmente, panoramas de altas generalizadas.
Analistas consideram que o nível crítico para socorrer um país se alcança quando o prêmio de risco supera a barreira dos 400 pontos e a rentabilidade chega a 7%, situação que experimentaram os países resgatados (Grécia, Portugal e Irlanda).
A Comissão Europeia tentou nesta terça-feira acalmar os mercados demonstrando sua confiança plena nas medidas de ajuste adotadas por Espanha e Itália e descartou a possibilidade de resgate.
"A questão de um plano de resgate certamente não está sobre a mesa; não está em questão", afirmou a porta-voz comunitária de Mercado Interno e Serviços, Chantal Hughes, quem assinalou que o mesmo vale para Itália.
"Ambos (os países) estão adotando as medidas necessárias para que suas economias voltem ao caminho adequado e todas as medidas necessárias em direção à consolidação fiscal", indicou.
Diantes das dúvidas dos investidores e o assédio dos especuladores, o presidente do Governo espanhol, José Luis Rodríguez Zapatero, atrasou o início de suas férias.
Zapatero, que falou com o presidente da Comissão Europeia, José Manuel Durão Barroso, está em permanente contato com a vice-presidente econômica, Elena Salgado, e sua equipe econômica mantém conversas diretas com as da França, Itália e Alemanha.
O secretário de Estado para a UE, Diego López Garrido, disse que a Espanha "não está de forma alguma" em situação que exija resgate.
Em Roma, o ministro de Economia italiano, Giulio Tremonti, convocou uma reunião das autoridades financeiras e reguladoras do país e o primeiro-ministro da Itália, Silvio Berlusconi, informará nesta quarta-feira à Câmara dos Deputados e ao Senado sobre a situação econômica, após vários dias de silêncio.
A Comissão Europeia também descartou nesta terça-feira um resgate ao Chipre, depois que o maior banco cipriota, o Bank of Cyprus, disparou rumores de que pode ser o quarto país a pedir ajuda ao afirmar que existe o "risco iminente" de o Chipre ter de ser amparado pelos mecanismos de ajuda da União Europeia.
Segundo os analistas, a crise da dívida europeia segue seu curso diante da publicação de indicadores macroeconômicos negativos em várias partes do mundo, as dúvidas persistentes sobre o segundo resgate à Grécia e o acordo nos EUA para elevar o teto da dívida que aparentemente não acaba de convencer aos mercados.
A Comissão Europeia afirmou nesta terça-feira que seus técnicos estão trabalhando durante o verão no novo plano de resgate à Grécia. Ocorreu ainda uma teleconferência da zona do euro para avançar no programa, avaliado em quase 160 bilhões de euros. EFE