Por Leandro Manzoni
Investing.com - O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central elevou nesta quarta-feira (15) a taxa básica de juros em meio ponto percentual, de 12,75% para 13,25%. A decisão unânime do colegiado foi em linha que esperava o mercado, mas a sinalização de manutenção do ciclo de aperto monetário no próximo encontro em agosto surpreendeu o mercado.
Há consenso entre os economistas de que a manutenção de preços elevados em maio, mesmo que o IPCA tenha vindo abaixo do esperado e desacelerado em relação a abril, contribui para uma nova alta da Selic. Além disso, medidas tributárias em tramitação e incerteza quanto à política fiscal ano que vem com um novo governo contribuíram para a decisão. Agora, os economistas especulam quando o atual ciclo de alta de juros, iniciado em março de 2021, irá se encerrar.
Confira abaixo a opinião de economistas após a 11ª alta de juros consecutiva do atual ciclo:
Victor Beyruti, economista da Guide Investimentos
“A decisão da nova taxa de juros veio sem surpresas, diferentemente do comunicado que foi mais duro do que o estimado pelo mercado.
As projeções indicavam o fim do atual ciclo de alta da Selic nesta reunião devido a falas recentes do presidente da autoridade monetária, Roberto Campos Neto, e de outros diretores que levantaram preocupações com o crescimento da economia. Porém, o comunicado refletiu a piora recente de preço de commodities e da alta do dólar.
Colocou maior volatilidade e variância para o balanço de riscos para a inflação. O cenário mais provável agora é de outro aumento de 0,5%, depois sugerindo o encerramento do ciclo de alta em 13,75%
A tendência do mercado sexta-feira é de juros em alta para embarcar a próxima alta de 0,5%, o que pode pressionar os ativos mais cíclicos domésticos, mas favorece o câmbio especialmente com a leitura de que a decisão do Federal Reserve tenha sido considerada “em cima do muro” pelo mercado mesmo com a promessa de acelerar o aperto monetário na maior economia do mundo”.
Marília Fontes, sócia-fundadora da Nord Researh
“O comunicado foi levemente dovish e teve pontos importantes, entre os quais: o ambiente externo desafiador que reflete nos mercados emergentes; o crescimento econômico interno veio positivo com os dados vindo acima do esperado; reforço de que os dados de inflação surpreenderam negativamente.
Mas, as projeções de inflação do Copom são mais otimistas do que as de mercado. Baseando-se no Focus, o comunicado diz que a expectativa da inflação é de 4,7% enquanto a meta é 3,25%. Já a do BC é de 4% com a Selic em 13,25%. Para 2024, mercado projeta 3,25% de inflação e o BC 2,7%.
Outro ponto importante: no parágrafo em que fala que “as altas eram compatíveis para a convergência da inflação para a meta”, o Copom trocou por “ao redor da meta”. Isso significa que o colegiado aceita a inflação um pouco mais alta para 2023. Se jogar a inflação para a meta em 2023, a de 2024 ficaria abaixo da meta na visão do BC.”
André Perfeito, economista-chefe da Necton Investimentos
O Copom não fechou a porta e sugeriu novo aumento, que deve ser de 25 bps, subindo a taxa para 13,5% em agosto e encerrando o ciclo de alta. Preocupações com trajetórias fiscais do ano que vem e medidas fiscais deste ano foram incorporadas ao comunicado e contribuíram para a contratação da alta em agosto.
Em agosto, estará mais visível uma queda na inflação em 12 meses e isso pode dar à autoridade monetária a ancoragem da inflação que espera. Vale ressaltar que o Fed entrou com mais firmeza no combate à inflação, que é um fenômeno global, e agora ajuda o Copom.